O protagonismo das mulheres no RH

Marcelo Furtado
Gestão estratégica de RH
  12 min. de leitura

O feminismo é um movimento que luta por igualdade, direitos e melhoria na condição de vida das mulheres. Graças a ele, muitos cenários foram modificados, viabilizando a gradativa participação das mulheres nas mais diversas esferas da sociedade. Apesar das dificuldades enfrentadas pelo público feminino no mercado de trabalho, o papel das mulheres no RH é cada vez mais expressivo. 

Assumir a responsabilidade de conduzir processos diversos que visam promover um ambiente saudável para as pessoas que ali trabalham exige sensibilidade, empatia e um olhar humanizado sobre o cenário. Mas nem só disso se constrói o sucesso das mulheres no RH.

Pensando na importância de se celebrar o dia internacional da mulher nas empresas, falaremos neste conteúdo sobre como essas profissionais vem agregando valor e talento para a área do RH . 

Mulheres no RH: crescimento do setor

O mercado de trabalho vem sofrendo mudanças e as organizações estão cada vez mais atentas a essas transformações. Áreas que antes eram majoritariamente ocupadas por homens em cargos de gestão, gradualmente vão cedendo mais espaço para as mulheres na liderança.

A plataforma digital Mercadômetro realizou uma pesquisa para entender a influência da mão de obra feminina no mercado de trabalho atuando com gestão de pessoas. O resultado apontou que as mulheres são maioria na área de recursos humanos, representando 75,2%.

Os números indicaram que para cada 4 profissionais qualificados, 3 são mulheres no RH. Os dados também refletem sobre a predominância das mulheres ocupando cargos de gestão.

A pesquisa da Mercadômetro também mostrou o cenário dos profissionais que atuam como psicólogos do trabalho. Para cada 10 deles, 9 são especialistas do gênero feminino. Os números do estudo demonstram a forte presença das mulheres no mercado  e como elas podem chegar a posições mais elevadas.

Como as mulheres lidam com a gestão de pessoas?

A gestão de pessoas é um desafio e há muito trabalho a ser feito pelas mulheres no RH, visando atender às expectativas da organização, alinhando o planejamento estratégico ao cuidado com o capital humano.

No entanto, a realidade de algumas empresas brasileiras é totalmente adversa e não propicia uma presença maior de mulheres no RH em uma estrutura adequada.

A dificuldade de estruturar um RH humanizado

Dados do IBGE revelaram os números de um estudo que vem sendo realizado desde o ano de 2012, denominado Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios Contínua (Pnad Contínua). 

No ano da sua publicação, em 2020, os resultados mostraram que a renda do brasileiro era a menor em 8 anos. Com a pandemia da COVID-19 os números se agravaram. Num contexto de incertezas e ajustes nas organizações, muitos empreendedores priorizaram o cumprimento básico das obrigações para com seus colaboradores.

Nas pequenas empresas, em muitas ocasiões a crise econômica resultou na redução de colaboradores, incluindo o RH. Com isso, o caminho  para compor um RH humanizado se torna difícil. 

As organizações estão preocupadas com automatização do setor de recursos humanos, porém voltado para os processos de DP. A humanização da área, em muitas organizações, ainda é um processo a ser conduzido.

Participação ativa no RH

Mesmo com os desafios, as colaboradoras tiveram participação ativa em todas as evoluções do RH no Brasil. O dia das mulheres nas empresas merece uma comemoração que destaque a participação do público feminino, que mesmo lidando com jornadas duplas de trabalho e todas as dificuldades de ser mulher no Brasil, contribuem tanto para o crescimento das organizações. 

Hoje, os setores de gestão de pessoas, por exemplo, buscam agir focando não apenas nos interesses e necessidades de faturamento da empresa, mas também cuidando de quem integra os times. Nessa jornada, as mulheres possuem uma participação relevante e decisiva. 

Separamos algumas características primordiais que fizeram a diferença no RH comandado por mulheres nas empresas preocupadas com os colaboradores.

Empatia

A palavra empatia tem sua origem na expressão grega empatheia que significa paixão. O termo presume um diálogo afetivo com outros indivíduos e a empatia é vista como um dos pilares que identificam e estimulam a compreensão uns para com os outros

A capacidade de se colocar no lugar do outro, mesmo sendo algo aparentemente simples, ainda é uma dificuldade para muitos. No ambiente organizacional não é diferente. A falta de empatia gera conflitos desgastantes que poderiam ser evitados se ela estivesse presente.

No universo da gestão de pessoas, ter empatia é o primeiro passo para entender as dores que os colaboradores da organização possuem e os impactos que elas causam. A partir daí, é possível traçar planos de ação para eliminar ou diminuir lacunas, promovendo um ambiente saudável.

No setor de Recursos Humanos, é imprescindível que o profissional possua jogo de cintura e sensibilidade para lidar com pessoas. E, nesse quesito, pesquisas científicas demonstram que as mulheres possuem facilidade com esse aspecto. 

Um estudo realizado pela Universidade de Cambridge com mais de meio milhão de pessoas mostrou que, em geral, o sexo feminino possui mais mais empatia do que pessoas do sexo masculino. 

Determinação

Mostrar o seu talento e valor no ambiente corporativo faz parte da trajetória das mulheres no RH. Infelizmente, o machismo enraizado na sociedade brasileira se manifesta nos mais diversos ambientes, inclusive, no corporativo. 

Segundo a Central das Mulheres, base de dados fruto de uma parceria entre a Inesplorato e o Instituto Avon, no país, homens ganham, em média, 27,1% a mais do que mulheres, e apenas cerca de 14% das mulheres são CEOs. 

Além disso, práticas como o Manterrupting, também são comuns no ambiente de trabalho. Esse comportamento diz respeito a quando um homem interrompe com frequência uma mulher de maneira desnecessária, não permitindo que ela conclua seu raciocínio numa reunião de negócios, por exemplo. 

Nenhuma mulher deveria conviver com a sensação de que a sua fala não agrega valor. No entanto, é por meio de uma atitude determinada que as mulheres seguem demonstrando seu valor e se posicionando contra as mais diversas opressões e silenciamentos que sofrem nas empresas.

Apesar de todas as dificuldades, essas mulheres no RH são as responsáveis por estabelecer mudanças relevantes na área. Mesmo com todas as pedras que surgem no caminho, seguem firmes no propósito de trazer melhorias e lutar por um ambiente de trabalho mais digno.

Adaptabilidade

Mudanças ocorrem a todo momento e não há muito tempo a perder num mercado de trabalho em constante movimentação. Nos últimos dois anos, adaptabilidade foi uma das habilidades mais exigidas para as mulheres no RH. Com a pandemia, muitos ajustes foram necessários para se adaptar ao “novo normal” e às demandas exigidas.

Adequação às orientações de saúde e segurança, tarefas automatizadas, mudanças nos processos de recrutamento e seleção, estruturação das normas para o home office, trabalhar e acompanhar o nível de engajamento dos colaboradores, foram algumas das mudanças necessárias onde as mulheres no RH tomaram a frente.

Flexibilidade

As mulheres no RH tem autoridade na hora de fazer negociações. Elas analisam todos os cenários possíveis antes de tomar uma decisão. Seu diferencial está em ouvir com atenção cada pessoa envolvida no processo. O foco nos resultados ajuda na condução de todos os passos que elas deverão seguir.

Diante da mínima possibilidade, por que não rever prazos e demais critérios para que todos sejam beneficiados? Uma vez que a decisão não afete os resultados da empresa e não caracterize descumprimento das políticas internas, toda ação que contempla a todos é bem-vinda.

Qual a contribuição do feminismo no mercado de trabalho?

De caráter social, filosófico e político, o feminismo surgiu no século XIX com o objetivo de lutar pela igualdade de gêneros e ampliar a participação da mulher na sociedade. Desde a sua fundação, o movimento é marcado por feitos históricos, como a conquista do direito ao voto, divórcio, a inclusão no mercado de trabalho, entre outros. 

A sociedade atual foi construída sob o domínio do gênero masculino, onde as mulheres não tinham acesso a oportunidades e direitos iguais. Por muitos séculos, foi reservado apenas o espaço do lar: o cuidado com os filhos e tarefas domésticas. 

O feminismo beneficiou toda a sociedade com suas conquistas. Se antes a mão-de-obra era apenas masculina, o movimento abriu as portas para a inclusão das mulheres no mercado de trabalho formal, diversificando o perfil de capital humano, viabilizando a equidade de gênero nas empresas ao longo do tempo.

Essa é apenas uma das conquistas que faz do dia da mulher uma data com muitos motivos para comemorar.

Principais conquistas

Uma das primeiras vitórias do feminismo ocorreu no fim do século XIX: o direito ao voto. A conquista representa o marco que determina a primeira onda do movimento. A Nova Zelândia foi o primeiro país a garantir o voto feminino, em 1893.

No Brasil, essa conquista aconteceu no ano de 1932, na instituição do Código Eleitoral. Poder votar foi uma grande conquista do ponto de vista da cidadania para as mulheres.

A segunda onda do feminismo aconteceu entre os anos 50 e 90. Os protestos na edição do concurso Miss Estados Unidos de 1968 e 1969 marcaram a fase. As manifestantes afirmavam que o evento objetificava as mulheres.

A terceira onda se desenvolve no cenário de rebeldia do movimento punk feminino. As ativistas, por meio de zines, abordavam pautas como estupro, sexualidade, empoderamento feminino e o patriarcado.

É importante destacar que a divisão em ondas liga-se especialmente às lutas das feministas brancas. No entanto, as mulheres negras também se organizam há séculos para reivindicar seus direitos e condições dignas de existência. 

A escritora Djamila Ribeiro destaca, por exemplo, o discurso de Sojourner Truth, mulher negra abolicionista, numa convenção sobre direitos das mulheres em Ohio, nos Estados Unidos. Na fala, ocorrida no ano de 1851, Truth questiona a exclusão das mulheres negras nas lutas femininas da época.

De um ponto de vista do mercado de trabalho no Brasil, até o ano de 1962, as mulheres casadas só poderiam trabalhar fora se possuíssem permissão do marido. Além disso, de acordo com o Código Civil de 1916, mulheres eram consideradas incapazes.

Os movimentos feministas combateram, entre tantas outras opressões, os impedimentos relativos ao mundo do trabalho. Essas conquistas permitiram que as mulheres passassem a integrar o mercado de trabalho, garantindo mais autonomia e liberdade em suas vidas. 

Como colocar em prática

Quando o feminismo é praticado nas organizações, é muito mais do que “seguir uma cartilha”. É garantir que as mulheres tenham espaço para aprender, desenvolver novas habilidades, compartilhar seus conhecimentos e assumir posições de liderança. 

Ações simples ajudam a concretizar a participação das mulheres nas organizações, especialmente no setor de gestão de pessoas. Alguns exemplos:

  • Aumentar a oferta de vagas voltadas para as mulheres no RH;
  • Remuneração igualitária para todos os gêneros;
  • Abrir espaço para que as mulheres no RH participem de tomadas de decisões estratégicas para o negócio, como o uso do People Analytics na organização;
  • Garantir todos os direitos trabalhistas, especialmente os que são de exclusividade das mulheres, como o auxílio maternidade;
  • Mais oportunidades para a presença das mulheres nas empresas ocupando cargos de gestão, participando do quadro societário, entre outras posições estratégicas.

Como apoiar o feminismo no setor empresarial 

O apoio ao feminismo nas organizações acontece a partir do momento em que as mulheres se tornam protagonistas da sua carreira, tendo os seus direitos e necessidades acolhidos no ambiente de trabalho. O ambiente organizacional deve ser propício ao seu desenvolvimento e possibilitar o seu crescimento profissional através de um sólido plano de carreira.

Uma proposta que pode ser interessante é a adoção de boas práticas de endomarketing que valorizem o trabalho feminino na organização. O ideal é planejar as atividades com bastante antecedência para que haja  orçamento que viabilize a compra dos materiais necessários. 

Campanhas educativas que abram espaços para debates sobre o papel da mulher na sociedade, seus direitos e deveres, também são uma boa opção. Ainda é comum  encontrar profissionais com ideias defasadas pela falta de conhecimento de temas tão relevantes.

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