O “rádio-corredor”, como é comumente chamada a rede de rumores das empresas, causa diversos problemas, como a baixa produtividade, conflitos internos e falta de entrosamento com o time. Por isso, o RH precisa criar medidas para evitar a propagação de fofoca no trabalho!
Há diversas formas de colocar essas regras em prática, tanto em vias judiciais como com implementação de políticas internas e de fortalecimento da cultura organizacional.
Neste conteúdo, você vai aprender como resolver fofocas no trabalho e a aplicar ações eficientes que impeçam inclusive de ocorrer assédio moral no trabalho. Confira os próximos tópicos!
O perigo da fofoca no trabalho
Quando existe fofoca no ambiente de trabalho, há três envolvidos que serão afetados: o colaborador que espalha a informação, o(s) funcionário(s) que faz parte da história, e a empresa em si.
Isso porque, quem inicia e divulga a fofoca não age com profissionalismo. Sua conduta é desrespeitosa e prejudica o trabalho em diferentes escalas. Neste caso, a liderança ou RH terá que conversar com essa pessoa e entender a gravidade da situação.
Por exemplo, a fofoca no trabalho é crime quando constatado assédio moral. E então, será preciso tomar medidas judiciais, advertindo assim uma multa que pode chegar a 30 mil reais.
Em segundo lugar, estão aqueles que fazem parte dos rumores. Quanto mais colaboradores são alvos de comentários, mais prejudicial se torna a fofoca.
A partir dessa situação eles passam a não sentirem a empresa como um lugar seguro. Consequentemente, desenvolvem insegurança, receio de se comunicarem e socializarem, e apresentam até baixa confiança de seu trabalho.
Assim, não apenas o trabalho é afetado, mas também a saúde mental do membro da equipe.
Por último, há ainda os problemas que acarretam a própria empresa. Dissintonia entre a equipe, baixa produtividade, clima organizacional pesado e aumento de absenteísmo são apenas alguns exemplos.
Por isso, é essencial que você, como profissional de RH, tenha pulso firme para adotar medidas eficientes e cabíveis que evitem esse tipo de situação. Até porque, faz parte do trabalho do RH promover aos colaboradores bem-estar e qualidade de vida no trabalho.
Quais são as consequências para o trabalhador?
Vimos no tópico anterior, de forma abrangente, quem e como a fofoca na empresa afeta o ambiente de trabalho. Neste tópico, abordaremos quais as principais consequências que os rumores causam aos colaboradores. Confira!
Prejudica a própria imagem
É de senso comum que pessoas consideradas “fofoqueiras” tenham uma fama negativa. Porém, esse comportamento no ambiente de trabalho pode levar inclusive ao desligamento desse funcionário.
De acordo com a pesquisa realizada pela The School of Life em parceria com a Robert Half, mais de 60% dos líderes já demitiram profissionais por conta de sua má conduta – atitudes e comentários de mau tom ou incompatíveis com a cultura da empresa.
Isso pode gerar inclusive uma “mancha” no currículo do profissional, atrapalhando seu network e dificultando o retorno ao mercado de trabalho. Além disso, dependendo do caso e agravamento da fofoca no trabalho, esse comportamento pode gerar multas de danos morais.
Cria discórdia no ambiente de trabalho
Não é fácil quando o colaborador precisa lidar com fofocas a seu respeito. Muitas vezes, a resposta à difamação é a defesa verbal, em sua maioria violenta e contundente.
E essa situação pode ser recorrente, pois, segundo pesquisa feita pela Fellipelli, 85% dos funcionários precisam lidar com conflitos no trabalho em algum grau.
Isso acaba gerando uma série de problemas. Para exemplificar melhor, vamos dividir os problemas em 3 tópicos.
Afeta negativamente o clima organizacional
Um clima organizacional negativo corrobora para uma baixa taxa de engajamento dos colaboradores.
Segundo o relatório State of the Global Workplace, 85% dos profissionais hoje em dia estão desmotivados, sendo a desesperança com o ambiente corporativo um dos motivos.
A fofoca no trabalho auxilia para a criação de um clima organizacional conflituoso, que não promove conexões verdadeiras, respeito, e muito menos bem-estar.
Atrapalha a produtividade
Tudo o que foi visto anteriormente afeta de maneira direta a produtividade. Isso porque, segundo pesquisa feita pela Universidade da Califórnia, ela está diretamente ligada à felicidade.
Ou seja, só é possível aumentar o índice de produção se o ambiente corporativo deixar o colaborador feliz e satisfeito.
Todavia, quando o “rádio-corredor” é muito movimentado, acaba causando mau estar e distrações nos funcionários, levando assim à baixa produtividade.
Afeta a saúde mental dos colaboradores
Uma fofoca recorrente, mentirosa e/ou grave pode levar o colaborador a desenvolver sintomas como estresse, ansiedade, baixa autoestima, e até depressão.
E esse é um assunto sério, já que conforme o levantamento feito pela Isma-BR, cerca de 30% dos brasileiros não possuem mais condições emocionais, mentais ou físicas para trabalhar.
No fim, esta é uma das consequências mais perigosas da fofoca no trabalho, uma vez que leva ao adoecimento de colaboradores. E assim, é afetada não apenas sua vida profissional como também pessoal.
A fofoca pode chegar ao assédio moral?
Sim, pode. Segundo o inciso X do artigo 5º da Constituição Federal Brasileira, as empresas precisam prezar pela não violação da intimidade, vida privada, honra e imagem de seus colaboradores.
Caso contrário, condutas com este viés são caracterizadas como assédio moral no trabalho, passíveis de indenização.
Em âmbito corporativo, o funcionário que cometeu a injúria pode ser demitido por justa causa, caso comprovado o assédio moral.
Alguns exemplos de situações que podem levar a esse crime são a humilhação e constrangimento recorrentes e prolongados durante a jornada de trabalho e/ou em ambientes de integração social – como chats de conversa .
É válido lembrar que líderes e gestores que praticam atos vexatórios também são passíveis de responderem judicialmente.
Nestes casos, inclusive, pode ser instaurado uma ação conjunta, se houver mais de um colaborador que sofreu assédio da liderança. Assim, a pena e valor da indenização será acrescido e fortalecerá o processo.
Como recomendação, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) lançou uma Cartilha de Prevenção ao Assédio Moral. Nela, você encontra diversos esclarecimentos e sugestões de conduta para evitar que esse crime ocorra na sua empresa.
Como evitar a fofoca no trabalho?
O primeiro passo que o RH deve dar para evitar fofoca na empresa é instaurar a compliance. Ela é um conjunto de ações que asseguram a empresa a agir de forma ética e alinhada com sua cultura organizacional.
Seu intuito é combater não apenas a prática de rumores como também auxiliar na promoção de melhorias ao ambiente corporativo. Algumas formas de você aplicar a compliance na sua instituição, é:
Faça um regulamento interno
É primordial que o RH faça um regulamento interno. Ele pode ser criado do zero ou então apenas incluir uma cláusula específica sobre fofoca e assédio. Para criar um documento completo, é importante que o regulamento possua:
- Apresentação sobre a empresa;
- Identidade organizacional e filosofia da empresa;
- Cláusulas de obrigações e restrições;
- Observações de dúvidas, como por exemplo um FAQ.
Dessa forma, sempre que ocorrer algum caso de má conduta, seja ela decorrente de fofoca ou não, você como profissional do RH terá um documento oficial para recorrer e auxiliar na resolução da questão.
Crie um comitê jurídico
O comitê jurídico é um grupo composto por profissionais de Direito, na maioria dos casos, em que, juntos, debatem termos legislativos que podem afetar a empresa.
Ou seja, eles irão auxiliar a elencar se determinada situação é passível de processos trabalhistas ou não.
Inclusive, é importante que esse comitê esteja associado também a outras iniciativas, como, por exemplo, o comitê de diversidade.
Isso porque, se uma “piada” ou fofoca for feita em tom homofóbico, por exemplo, é necessário acionar medidas não apenas jurídicas como também disciplinar e de acolhimento para o colaborador atingido.
Estimule feedbacks
Os feedbacks e reuniões de 1:1 são ótimas oportunidades que os líderes e gestores possuem para compreender o que se passa com cada membro da equipe.
Porém, é importante que a liderança e o RH demonstrem ter um canal aberto de comunicação e segurança para que qualquer situação possa ser relatada.
Fora isso, estimular que os colaboradores mandem feedbacks entre si para resolverem conflitos é um bom caminho. Isso porque, o gestor pode acompanhar indiretamente essa troca de devolutivas e também agir como mediador da situação.
Organize uma pesquisa de clima organizacional
Realizar pesquisa de clima organizacional eventualmente é uma excelente forma de acompanhar o índice de satisfação dos funcionários. Além disso, a ação pode ser específica (como por exemplo saber sobre o “rádio-corredor”) ou então branda.
Os teóricos Litwin e Stringer defendem que existem 9 fatores para se medir o clima das organizações. São eles:
- Conflito;
- Cooperação;
- Desafio;
- Estrutura;
- Identidade;
- Padrões;
- Recompensa;
- Relacionamento;
- Responsabilidade.
Dessa forma, ao escolher um, vários ou todos esses fatores para elaborar sua pesquisa, lembre-se que a medição será sobre o sentimento de cada profissional sobre esses aspectos.
Sendo assim, é importante entender se é relevante para o RH manter as respostas em anonimato ou não.
Esse assunto é muito importante, já que o clima organizacional é capaz de influenciar diretamente a qualidade de vida no trabalho.
Por isso, se você quer compreender mais sobre o assunto, confira gratuitamente o nosso E-book de Clima Organizacional. Nele, há explicações claras e objetivas da importância desse tema, assim como um guia para estruturar e colocar em prática a sua pesquisa. Boa leitura!