Você sabe o que significa bossware e quais são suas implicações no mundo corporativo?
O bossware é um software desenvolvido para monitorar as atividades dos colaboradores, funcionando como uma lente que visualiza e acompanha todas as ações dos trabalhadores, bem como os acessos na internet.
Embora a sua função seja avaliar a produtividade da equipe, tal ferramenta pode gerar problemas no trabalho, no clima organizacional e no relacionamento entre lideranças e pessoas do time.
Prossiga com a leitura do artigo e entenda um pouco mais sobre o bossware e suas implicações no ambiente de trabalho. Acompanhe:
O que é Bossware e qual sua origem?
O termo “bossware” é uma combinação das palavras “boss” (chefe) e “software” (programa de computador) e refere-se a um software ou tecnologia que é construída para monitorar e controlar os funcionários no ambiente de trabalho.
Geralmente, o bossware é usado por empregadores para rastrear o desempenho, a produtividade e o comportamento dos funcionários no local de trabalho. Nos últimos anos, seu uso cresceu bastante em razão do trabalho remoto.
Devido à pandemia no ano de 2020, grande parte das empresas precisou mudar sua rotina de trabalho e permitir que os profissionais desempenhassem suas atividades em casa. No entanto, na visão de algumas empresas, a distância dificultou a vigilância em relação ao comprimento de horários e tarefas.
Em razão disso, o uso de sistemas de análise de desempenho se tornou bastante comum, mas infelizmente em muitas empresas os funcionários não têm sido avisados quando esse software acompanha sua rotina.
Embora, na teoria, pareça uma excelente ferramenta para os empregadores e RH, há discussões e discordâncias relacionadas ao uso do bossware. Principalmente mesmo pelo fato de geralmente não ser informado aos colaboradores da equipe sobre o monitoramento.
Outro questionamento bastante comum em relação ao software e seu uso indiscriminado pela empresa é em relação ao exagero na vigilância e segundas intenções.
Por que seu uso está em alta pelo mundo?
É fato que a popularização do trabalho remoto se mostrou bastante vantajosa para empresas e colaboradores. A redução de despesas para ambas as partes e a melhora da qualidade de vida dos funcionários são características que potencializam essa iniciativa.
No entanto, como em qualquer mudança corporativa, surgiram alguns desafios na estrutura. Alguns exemplos são:
- Controle de produtividade;
- Acompanhamento em relação ao engajamento das equipes.
Diante dessa realidade surgiram ferramentas tais como o bossware. Essa realidade pode ser bastante favorável para os empregadores e lideranças, mas também pode ser considerado um ato desrespeitoso invasivo pela parte vigiada.
Porém, o que tem se percebido desde a popularização dessa ferramenta é que cada vez mais empresas estão abertas ao seu uso como forma de controlar e vigiar seus funcionários.
Quais são as implicações do uso de spywares no trabalho
O uso de spywares traz impactos significativos para a relação entre empregado e empregador, gerência e demais envolvidos na relação institucional.
A situação pode ficar ainda pior, quando o colaborador não é comunicado e descobre que está sendo vigiado, o que transparece falta de ética e respeito por parte do empresa.
Além disso, uma organização que vigia seus funcionários não é bem vista pela sociedade de uma forma geral, pois demonstra a incapacidade de dar feedbacks assertivos e gerenciar pessoas.
Para que haja o cumprimento das metas de engajamento e alta produtividade é preciso construir um relacionamento de confiança entre todas as partes da companhia.
Veja a seguir algumas implicações do uso de mouse movers ou Spywares:
Invasão de privacidade
Quando o colaborador não sabe que está sendo monitorado, usar o bossware para vigiar suas atividades de forma constante pode resultar em invasão de privacidade.
Sendo assim, o ideal é estabelecer períodos para acompanhar as atividades e avisar formalmente a todos os colaboradores que eles estarão sendo monitorados em relação ao desempenho profissional.
Intercorrências no clima organizacional
A confiança é um dos critérios básicos para um clima organizacional satisfatório e um relacionamento saudável entre gestores e colaboradores.
Por isso, as ações de monitoramento precisam ser pensadas de forma estratégica para que não haja intercorrências.
O equilíbrio entre a supervisão necessária para acompanhar a produtividade do profissional deve estar alinhada ao respeito pela privacidade e a confiança depositada no ato da contratação.
Insatisfação no ambiente de trabalho e impactos na saúde mental dos colaboradores
Não saber que está sendo vigiado pode impactar negativamente a relação entre gerência e funcionários.
Portanto, as lideranças que optam pela instalação do bossware precisam informar como será feito o monitoramento e ficar atento às normas da LGPD.
Além disso, há outro ponto a ser discutido: o acompanhamento por meio dos softwares não deve ser usado como pretexto para abordagens que fogem da linha do respeito e da boa convivência.
Pressionar o colaborador e informar excessivamente que ele está sendo vigiado pode trazer sérias consequências para a sua saúde mental.
Ademais, pode aumentar seu nível de insatisfação com a empresa e superiores, resultando em maior carga de estresse, o que interfere diretamente no desempenho dos profissionais.
Processos trabalhistas
Mesmo que o colaborador seja informado sobre a presença de bossware, é importante que a empresa esteja atenta legislação atual. Ou seja, o uso das ferramentas de monitoramento deve atender à legislação vigente no país.
As leis brasileiras permitem a utilização de bossware?
Embora não haja uma lei específica sobre a utilização do software, por se tratar de uma ferramenta ainda pouco popular no Brasil, há a LGPD, que diz respeito à proteção dos dados no país.
Ou seja, não há especificidades sobre o acompanhamento produtivo, mas há regras claras quanto à proteção de informações e também à privacidade do indivíduo.
Entretanto, é importante lembrar que o bossware permite que o empregador vigie todo o comportamento dos colaboradores sem que este perceba que está sendo vigiado. Dessa forma, há uma violação dos direitos do trabalhador enquanto pessoa civil.
Além disso, a Constituição Federal, precisamente no Artigo 5º, estão registradas diretrizes e regulamentações sobre o direito à privacidade e violação da vida privada.
Outro agravante é a violação do sigilo nas comunicações, pois esse tipo de ferramenta é capaz de vigiar tudo o que está sendo escrito na tela do computador, bem como os emails enviados e sites acessados.
Alternativas e boas práticas para o monitoramento dos colaboradores
Estabelecer uma relação de confiança, comunicação aberta e pacífica é o primeiro passo para um ambiente de trabalho saudável e produtivo.
Além disso, é importante estar atento ao processo seletivo para escolher colaboradores interessados e que tenham facilidade de engajar com os objetivos da companhia.
Essa iniciativa reduz bastante a necessidade de monitoramento constante.
Veja a seguir algumas alternativas e boas práticas para monitorar os profissionais e incentivar uma produtividade satisfatória para ambas as partes.
Seja transparente em relação aos métodos organizacionais com seus funcionários
Os gestores devem ser sempre transparentes, sejam quais os recursos tecnológicos forem utilizados para facilitar a rotina das empresas.
Isso demonstra respeito e ética, promovendo uma relação de confiança.
Crie um regulamento interno de boas práticas
Conscientizar os membros da equipe sobre as boas práticas adotadas pela empresa por meio de um regulamento interno é uma maneira de apresentar a cultura empresarial e promover o engajamento.
Determine os requisitos de supervisão em contrato
Na hora de assinar o contrato, o profissional precisa saber se será monitorado ou não. Quando dado o aval pelo novo colaborador, ele deve saber quais as ferramentas são usadas, os critérios adotados e as atividades que serão monitoradas.
Faça reuniões para acompanhamento
As reuniões frequentes são excelentes recursos para conhecer melhor a equipe, estreitar laços e especialmente para motivar os profissionais e entender seus desafios e dificuldades.
Esse acompanhamento tem efeito muito mais positivo do que o bossware.
Conclusão
Como vimos neste artigo, as lideranças precisam aprender a ver seus colaboradores com o seu mais valioso recurso e a partir de então tratá-los com respeito e ética.
O uso do sistema de monitoramento pode ser um recurso auxiliar para controle da produtividade, mas não de forma antiética, manipuladora, desrespeitosa ou invasiva. Caso isso aconteça, o colaborador pode acionar a justiça e mover uma ação processual contra o negócio.
Ao estabelecer as políticas internas para monitoramento do rendimento e engajamento da equipe é preciso que as regras sejam explicitadas formalmente.
Além disso, é importante que os próprios profissionais participem ativamente na elaboração das regras, deixando assim o processo muito mais democrático e transparente.
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