Você já deve ter acompanhado nos noticiários que a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu oficialmente a síndrome do burnout, conhecida também como esgotamento profissional, como uma doença ocupacional. A síndrome fará parte da 11° Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID-11), que entrará em vigor a partir de janeiro de 2022.
A promoção da saúde mental no trabalho tem sido uma preocupação cada vez maior dos profissionais de recursos humanos no mundo todo.
Neste post, explicaremos um pouco mais sobre o burnout, o que muda nas relações trabalhistas com a atualização da CID e daremos dicas sobre como promover um ambiente saudável na sua organização.
Entendendo o Burnout
A síndrome do esgotamento profissional é um distúrbio emocional e psíquico causado pela exaustão extrema, sempre relacionada ao ambiente de trabalho.
O estresse e esgotamento podem ser resultados de situações ou ambientes desgastantes, com alta demanda de trabalho, cobrança de produtividade e competitividade, por exemplo. Outros fatores podem contribuir para o surgimento da síndrome, como:
- Volumes de trabalho ou limitações temporais excessivas;
- Exigências contraditórias;
- Falta de clareza quanto ao papel do trabalhador;
- Comunicação deficiente;
- Mudança organizacional mal gerida.
A pandemia do coronavírus trouxe uma sobrecarga de estresse e ansiedade. Com o trabalho remoto, o que costumava ficar no escritório entrou no ambiente familiar, causando um aumento tanto nas buscas pelo termo quanto no volume de diagnósticos, tornando-se uma das enfermidades que mais se prolifera no mundo.
O burnout acontece a partir do momento em que o colaborador apresenta sintomas físicos e emocionais relacionados ao trabalho de forma intensa e duradoura. Entre os sintomas, pode-se listar:
- Desânimo ou falta de motivação;
- Agressividade;
- Isolamento;
- Mudanças bruscas de humor;
- Irritabilidade;
- Dificuldade de concentração;
- Lapsos de memória;
- Ansiedade;
- Depressão;
- Procrastinação;
- Dores de cabeça e enxaqueca;
- Pressão alta;
- Insônia;
- Distúrbios gastrointestinais.
Outros sintomas físicos podem se desenvolver por conta da baixa imunidade causada pelo estresse, variando individualmente.
É preciso ficar atento à duração dos sintomas, pois eles tendem a surgir de forma leve e piorar com o passar do tempo. Também é de fundamental importância procurar ajuda profissional ao perceber esses sinais.
O tratamento do burnout inclui o uso de antidepressivos e psicoterapia, sendo complementado por atividade física regular e exercícios de relaxamento.
O que muda com o reconhecimento da Organização Mundial da Saúde?
O maior impacto deve acontecer no setor jurídico da empresa, visto que muitas ações trabalhistas se referem ao tema, como pedidos indenizatórios por danos morais e materiais. Com o reconhecimento da síndrome como doença laboral, a garantia de emprego deve ser considerada. Agora, não há como duvidar se o burnout é real ou não – a autoridade mais importante de saúde mundial reconhece como realidade.
Por conta disto, a maior mudança deve ocorrer internamente. O empregador deve procurar ações e medidas para tornar seu ambiente mais protetivo à saúde mental de seus empregados, focando cada vez mais no cuidado e questões humanas.
Práticas para o RH evitar o burnout na empresa
1. Deixe claro os limites de horários do expediente e volume de demandas
Um dos principais fatores que levam ao burnout são o excesso de trabalho e a falta de limitação temporal.
Isso quer dizer que mensagens fora do horário de expediente e alto volume de trabalho num prazo curto prejudicam a saúde do colaborador e seu descanso.
Incentive as lideranças e seus times a manterem os assuntos relacionados ao trabalho apenas no horário do expediente, em seus devidos canais de comunicação oficiais.
Implemente rotinas de alinhamento entre os colaboradores e lideranças para averiguar o andamento e priorização dos projetos, tendo em mente que as tarefas devem ser realizadas dentro da jornada diária estabelecida.
Também procure monitorar as horas extras, pois o excesso delas pode ser um sinal de que a demanda precisa ser remanejada ou que o time precisa de reforços.
2. Defina fluxos de comunicação e feedback
Com o regime remoto, a comunicação assíncrona virou ordem. Defina em suas políticas internas como a comunicação deve funcionar: por exemplo, quais os canais e plataformas a serem utilizadas, horários, onde direcionar dúvidas etc.
Incentive a troca de feedbacks através de rotinas como 1:1 e ofereça canais anônimos para casos delicados – o importante é disponibilizar meios com que os colaboradores se sintam confortáveis em procurar ajuda.
3. Incentive pausas
As pausas são fundamentais para a produtividade e trazem diversos benefícios para a saúde. Elas podem durar alguns minutos e a recomendação é que sejam feitas longe da tela do computador.
Entre os benefícios estão o aumento da inspiração, o descanso da visão, a prevenção de lesões por repetição e o alívio do estresse.
Pequenas pausas para exercícios de alongamento também devem ser incentivados, principalmente para os profissionais que passam muito tempo sentados. Para ajudar nesta prática, o RH pode promover treinamento com profissionais parceiros da área da saúde muscular.
4. Ofereça assistência
Além de oferecer um canal de escuta, é importante oferecer benefícios voltados para a saúde mental e o bem-estar no trabalho.
Deixe claro quais são as políticas do plano de saúde em relação a psicoterapia e tratamentos psiquiátricos e promova debates sobre o assunto – a conscientização de todo o time é fundamental para quebrar estigmas.
Ter um time consciente da seriedade do assunto é ter um ambiente com abertura para discussões e sem julgamentos.
Outros benefícios podem ser oferecidos para promover o bem-estar, como programas de descontos em academias e plataformas exclusivas para os cuidados da saúde mental.
O horário flexível também ajuda os colaboradores a organizarem sua rotina conforme acharem melhor.
5. Implemente ações de bem-estar
Um programa de bem-estar inclui uma série de iniciativas para promover e manter o ambiente saudável. O programa deve analisar o ambiente e propor soluções.
Entre as áreas a serem trabalhadas dentro do programa estão:
- Treinamento de lideranças: é preciso treinar quem está à frente dos times para que possa discutir sobre isso e que tal discurso também seja refletido em suas ações cotidianas;
- Reforço na cultura: a saúde e o bem-estar devem estar integrados a cada prática do negócio e à política da empresa – o que inclui o cuidado com as pessoas como um todo (física e emocionalmente);
- Participação do colaborador: um programa como este deve ter a participação dos colaboradores em seu planejamento, é preciso envolver todos os times para que se sintam parte disso;
- Pesquisas regulares: para saber o que está dando certo, é necessário perguntar aos envolvidos. Com o resultado em mãos, as melhorias podem ser realizadas de forma assertiva (além de reforçar o item anterior);
- Promoção de eventos sociais: o ser humano é um ser social, precisamos desse tipo de contato em nossas vidas, por isso eventos como festa de final de ano ou mesmo um simples café da manhã coletivo podem colaborar com o bem-estar. No caso do home office ou trabalho híbrido, isso pode ser realizado através de chamadas de vídeos.
Por último, não esqueça do ambiente físico. Cadeiras e temperatura confortável, por exemplo, também fazem a diferença no humor dos colaboradores. Disponibilize esses equipamentos em caso de trabalho no modelo home office ou híbrido.
Gostou das nossas dicas? Entendeu a importância do assunto para a sua empresa e a saúde dos seus colaboradores? Então, baixe o nosso e-book: Como cuidar da saúde mental e emocional dos colaboradores, e se aprofunde ainda mais no assunto.