O que muda com o reconhecimento do burnout como doença ocupacional?

Jéssyca de Miranda
Treinamento e Desenvolvimento
  7 min. de leitura

Você já deve ter acompanhado nos noticiários que a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu oficialmente a síndrome do burnout, conhecida também como esgotamento profissional, como uma doença ocupacional. A síndrome fará parte da 11° Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID-11), que entrará em vigor a partir de janeiro de 2022.

A promoção da saúde mental no trabalho tem sido uma preocupação cada vez maior dos profissionais de recursos humanos no mundo todo. 

Neste post, explicaremos um pouco mais sobre o burnout, o que muda nas relações trabalhistas com a atualização da CID e daremos dicas sobre como promover um ambiente saudável na sua organização. 

Entendendo o Burnout 

A síndrome do esgotamento profissional é um distúrbio emocional e psíquico causado pela exaustão extrema, sempre relacionada ao ambiente de trabalho

O estresse e esgotamento podem ser resultados de situações ou ambientes desgastantes, com alta demanda de trabalho, cobrança de produtividade e competitividade, por exemplo. Outros fatores podem contribuir para o surgimento da síndrome, como: 

  • Volumes de trabalho ou limitações temporais excessivas;
  • Exigências contraditórias;
  • Falta de clareza quanto ao papel do trabalhador;
  • Comunicação deficiente;
  • Mudança organizacional mal gerida.

A pandemia do coronavírus trouxe uma sobrecarga de estresse e ansiedade. Com o trabalho remoto, o que costumava ficar no escritório entrou no ambiente familiar, causando um aumento tanto nas buscas pelo termo quanto no volume de diagnósticos, tornando-se uma das enfermidades que mais se prolifera no mundo. 

O burnout acontece a partir do momento em que o colaborador apresenta sintomas físicos e emocionais relacionados ao trabalho de forma intensa e duradoura. Entre os sintomas, pode-se listar: 

  •  Desânimo ou falta de motivação;
  • Agressividade;
  • Isolamento;
  • Mudanças bruscas de humor;
  • Irritabilidade;
  • Dificuldade de concentração;
  • Lapsos de memória;
  • Ansiedade;
  • Depressão;
  • Procrastinação;
  • Dores de cabeça e enxaqueca;
  • Pressão alta;
  • Insônia;
  • Distúrbios gastrointestinais.

Outros sintomas físicos podem se desenvolver por conta da baixa imunidade causada pelo estresse, variando individualmente. 

É preciso ficar atento à duração dos sintomas, pois eles tendem a surgir de forma leve e piorar com o passar do tempo. Também é de fundamental importância procurar ajuda profissional ao perceber esses sinais. 

O tratamento do burnout inclui o uso de antidepressivos e psicoterapia, sendo complementado por atividade física regular e exercícios de relaxamento. 

O que muda com o reconhecimento da Organização Mundial da Saúde? 

O maior impacto deve acontecer no setor jurídico da empresa, visto que muitas ações trabalhistas se referem ao tema, como pedidos indenizatórios por danos morais e materiais. Com o reconhecimento da síndrome como doença laboral, a garantia de emprego deve ser considerada. Agora, não há como duvidar se o burnout é real ou não – a autoridade mais importante de saúde mundial reconhece como realidade. 

Por conta disto, a maior mudança deve ocorrer internamente. O empregador deve procurar ações e medidas para tornar seu ambiente mais protetivo à saúde mental de seus empregados, focando cada vez mais no cuidado e questões humanas.  

Práticas para o RH evitar o burnout na empresa

1. Deixe claro os limites de horários do expediente e volume de demandas

Um dos principais fatores que levam ao burnout são o excesso de trabalho e a falta de limitação temporal. 

Isso quer dizer que mensagens fora do horário de expediente e alto volume de trabalho num prazo curto prejudicam a saúde do colaborador e seu descanso. 

Incentive as lideranças e seus times a manterem os assuntos relacionados ao trabalho apenas no horário do expediente, em seus devidos canais de comunicação oficiais. 

Implemente rotinas de alinhamento entre os colaboradores e lideranças para averiguar o andamento e priorização dos projetos, tendo em mente que as tarefas devem ser realizadas dentro da jornada diária estabelecida

Também procure monitorar as horas extras, pois o excesso delas pode ser um sinal de que a demanda precisa ser remanejada ou que o time precisa de reforços. 

2. Defina fluxos de comunicação e feedback

Com o regime remoto, a comunicação assíncrona virou ordem. Defina em suas políticas internas como a comunicação deve funcionar: por exemplo, quais os canais e plataformas a serem utilizadas, horários, onde direcionar dúvidas etc. 

Incentive a troca de feedbacks através de rotinas como 1:1 e ofereça canais anônimos para casos delicados – o importante é disponibilizar meios com que os colaboradores se sintam confortáveis em procurar ajuda. 

3. Incentive pausas

As pausas são fundamentais para a produtividade e trazem diversos benefícios para a saúde. Elas podem durar alguns minutos e a recomendação é que sejam feitas longe da tela do computador. 

Entre os benefícios estão o aumento da inspiração, o descanso da visão, a prevenção de lesões por repetição e o alívio do estresse. 

Pequenas pausas para exercícios de alongamento também devem ser incentivados, principalmente para os profissionais que passam muito tempo sentados. Para ajudar nesta prática, o RH pode promover treinamento com profissionais parceiros da área da saúde muscular. 

4. Ofereça assistência

Além de oferecer um canal de escuta, é importante oferecer benefícios voltados para a saúde mental e o bem-estar no trabalho. 

Deixe claro quais são as políticas do plano de saúde em relação a psicoterapia e tratamentos psiquiátricos e promova debates sobre o assunto – a conscientização de todo o time é fundamental para quebrar estigmas. 

Ter um time consciente da seriedade do assunto é ter um ambiente com abertura para discussões e sem julgamentos.

Outros benefícios podem ser oferecidos para promover o bem-estar, como programas de descontos em academias e plataformas exclusivas para os cuidados da saúde mental. 

O horário flexível também ajuda os colaboradores a organizarem sua rotina conforme acharem melhor. 

5. Implemente ações de bem-estar 

Um programa de bem-estar inclui uma série de iniciativas para promover e manter o ambiente saudável. O programa deve analisar o ambiente e propor soluções. 

Entre as áreas a serem trabalhadas dentro do programa estão: 

  • Treinamento de lideranças: é preciso treinar quem está à frente dos times para que possa discutir sobre isso e que tal discurso também seja refletido em suas ações cotidianas;
  • Reforço na cultura: a saúde e o bem-estar devem estar integrados a cada prática do negócio e à política da empresa – o que inclui o cuidado com as pessoas como um todo (física e emocionalmente);
  • Participação do colaborador: um programa como este deve ter a participação dos colaboradores em seu planejamento, é preciso envolver todos os times para que se sintam parte disso;
  • Pesquisas regulares: para saber o que está dando certo, é necessário perguntar aos envolvidos. Com o resultado em mãos, as melhorias podem ser realizadas de forma assertiva (além de reforçar o item anterior); 
  • Promoção de eventos sociais: o ser humano é um ser social, precisamos desse tipo de contato em nossas vidas, por isso eventos como festa de final de ano ou mesmo um simples café da manhã coletivo podem colaborar com o bem-estar. No caso do home office ou trabalho híbrido, isso pode ser realizado através de chamadas de vídeos.

Por último, não esqueça do ambiente físico. Cadeiras e temperatura confortável, por exemplo, também fazem a diferença no humor dos colaboradores. Disponibilize esses equipamentos em caso de trabalho no modelo home office ou híbrido.

Gostou das nossas dicas? Entendeu a importância do assunto para a sua empresa e a saúde dos seus colaboradores? Então, baixe o nosso e-book: Como cuidar da saúde mental e emocional dos colaboradores, e se aprofunde ainda mais no assunto.

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