Você sabe como dar feedback? Acompanhe as dicas!

Marcelo Furtado
Cultura Organizacional
  14 min. de leitura

Pensar em soluções que melhorem o desempenho dos colaboradores também é uma das responsabilidades das lideranças. Informar quais são os pontos positivos e de melhoria, por exemplo, é uma forma de auxiliar o crescimento das pessoas. Por isso, é importante que o profissional de RH, assim como os gestores, aprendam como dar feedback

Através desse conhecimento, você poderá estruturar uma política interna sobre o assunto, tornando a assertividade e evolução de desempenho um padrão da instituição. 

Neste conteúdo, abordaremos o que é, como funciona, quais são os tipos e como implementar a cultura de feedback na sua empresa. Boa leitura!   

O que significa feedback?

O feedback é uma ferramenta para repassar informações sobre o seu trabalho e conduta. No inglês, o sentido literal da palavra significa “alimentação de retorno”. E este é o objetivo – alimentar a percepção do colaborador sobre seu próprio trabalho e oferecer um retorno de desempenho. 

Normalmente, gestores utilizam essa estratégia para auxiliar na progressão e desenvolvimento dos seus liderados.

Todavia, é válido ressaltar que o feedback pode e deve ser utilizado por todos os que atuam na empresa, seja com direcionamento para colegas ou liderança. 

Essa prática é chamada de feedback 360º. Nela, o funcionário é avaliado pela equipe, gestor e, inclusive, ele mesmo. Já na avaliação  180º, o colaborador avalia a si e seu líder. E na devolutiva de 90º,  somente a liderança irá fazer o feedback. 

Dessa forma, o profissional terá um overview sobre seu trabalho, possuindo de fato a orientação e valorização de desempenho, além de fortalecer a integração com o time. 

Portanto, para se aprender a como dar feedback construtivo, é importante focar em três domínios:

  • Assertividade: procurar se comunicar com clareza; 
  • Objetividade: falar o que deseja e mostrar como isso pode fazer o colaborador evoluir; 
  • Empatia: se colocar no lugar do outro e ser capaz de escutá-lo. 

Com esses fatores, é possível passar seu feedback, seja ele negativo ou positivo, com mais facilidade. Assim será mais simples da pessoa receber e entender o que precisa mudar ou continuar a fazer. 

Qual a importância do feedback? 

A principal importância do feedback é a oportunidade de auxiliar no desenvolvimento de hard e soft skills do colaborador, valorizando  seu trabalho e gerando melhoria nos laços interpessoais. 

Com isso, três fatores são acrescidos ao profissional: 

  • Aprendizado contínuo;
  • Felicidade e satisfação;
  • Integração com a equipe e liderança.

Consequentemente, haverá melhorias no desempenho, nivelamento da equipe, aumento da produtividade, desenvolvimento de novas habilidades, motivação no ambiente de trabalho, entre outros. 

Todavia, não basta apenas saber como fazer um feedback, é preciso ter esse aprendizado e aplicá-lo com certa frequência. 

Segundo a pesquisa FIA Employee Experience, 88% dos profissionais acreditam que as avaliações contribuem para seu desenvolvimento. Porém, cerca de 20% relatam não receber feedback suficiente. Ou seja, os dados revelam que a cultura de feedback ainda não é algo bem estruturado nas empresas. 

Portanto, é necessário que o RH se empenhe em criar uma política interna que adeque o feedback organizacional como um dos pilares de crescimento profissional. 

Você pode começar aprendendo, por exemplo, quais são os tipos de feedback. Assim, a construção deste hábito corporativo será diversificada e ampla, podendo ser utilizada em diversos momentos. 

Os tipos de feedbacks

No livro Obrigado Pelo Feedback de Sheila Heen, Douglas Stone, são defendidos três tipos de feedback. Eles seguem o raciocínio de resultado esperado, apresentado nos tópicos anteriores. São eles: 

  • Orientação: desempenha a função de melhorar, indicar, capacitar e ensinar o receptor;
  • Reconhecimento: dedicado a agradecer e valorizar o profissional pelo seu trabalho, comportamento ou conquista; 
  • Avaliação: feito semestralmente ou anualmente para mensurar todo o desempenho do colaborador, e assim concretizar seus pontos fortes, esperados e a melhorar. 

Entender essas diferenças é essencial para manter o equilíbrio entre a valorização e o desenvolvimento. 

Por exemplo, digamos que o gestor faz feedbacks apenas de orientação e nunca de reconhecimento. Com isso, o colaborador saberá como melhorar o desempenho, porém terá a sua confiança abalada por não receber elogios. 

Além disso, é preciso entender o momento de realizar cada tipo. No início de um projeto, normalmente indicar como fazer é o melhor caminho. Já na metade dele, mostrar os pontos a melhorar deixará tudo mais alinhado. Por último, fazer um incentivo de conclusão, para que no final haja o agradecimento pelo trabalho realizado. 

Ou seja, é essencial saber diversificar os tipos de feedback e entender quando utilizar cada um deles. Assim, haverá sempre o aprendizado contínuo, a felicidade e satisfação, e o fortalecimento das relações interpessoais

Como dar feedback de forma assertiva? 

Ao longo deste conteúdo, você já aprendeu como dar feedback construtivo e eficiente. Porém, há algumas técnicas para torná-lo ainda mais assertivo. Confira quais são elas:

Quantidade

A primeira é de acordo com a quantidade de informações a serem repassadas. Isso significa que, se houver uma pequena percepção de que algo pode ser alterado com facilidade, é recomendado falar na hora. 

Porém, se foi notado um frequente comportamento que precisa ser melhorado, é indicado que a pessoa à dar o feedback elenque os pontos, descreva-os e informe modos de solucioná-los. 

Ou seja, não é todo feedback que precisa ser breve ou aprofundado. Há momentos para ambos, conforme o nível de detalhamento necessário. 

Frequência

Outro fator é a questão da frequência. Como dito anteriormente, o feedback de avaliação de desempenho é feito semestralmente ou anualmente, por exemplo.

Todavia, os de reconhecimento e orientação precisam ser parte da rotina. O período entre um e outro deve ser baseado na quantidade de trabalhos realizados

Por exemplo, não adianta o RH definir que todo mês os gestores devem enviar feedbacks para os membros da equipe, quando uma parte deles desenvolve um projeto grande a cada dois meses. 

Assim como não é viável instituir que os feedbacks devem ser feitos a cada conclusão de trabalho, sendo que a outra parte dos colaboradores fazem dez entregas por semana. 

O melhor nesses casos é organizar com as equipes e líderes qual é a necessidade e urgência de cada área ou função em receber devolutivas. Assim, fica muito mais fácil de atender as demandas de cada profissional e auxiliar de forma assertiva o seu crescimento. 

Exemplificação

Para um feedback não ser superficial, é importante explicar o porquê algo ficou bom ou precisa melhorar. 

Por exemplo, incluir dados de métricas como resultado é uma ótima prática. Isso porque, será mais fácil comprovar que a informação sendo dita é verdadeira. 

Essas explicações no feedback são essenciais, pois faz ele ter base e profundidade, deixando de ser apenas uma opinião pessoal. Somente dessa maneira o receptor compreende de forma assertiva quais são seus pontos fortes e/ou a melhorar. 

Empatia

Por fim, é preciso lembrar de exercer a empatia. Somente colocando as palavras da forma que o outro precisa ouvir que o feedback será captado da forma correta. 

Portanto, é fundamental entender o que está acontecendo na vida profissional e pessoal do funcionário. Por exemplo, se naquela semana a filha ficou doente, provavelmente a qualidade do trabalho foi afetada por conta da preocupação. Com isso, passar um feedback negativo não será construtivo neste momento. 

Chamar a pessoa para conversar por 15 minutos antes de fazer a devolutiva já é o suficiente para evitar situações como essa. Assim, se aquele não for o melhor dia, será possível reagendar (e às vezes até repensar) o feedback. 

Incluir a empatia como um dos pilares da sua cultura organizacional ajudará, inclusive, a melhorar o clima da instituição e a naturalizar a conduta nos momentos de devolutivas. 

Exemplo prático para elaborar um feedback

Agora que você já compreendeu o que significa feedback e como fazê-lo de forma assertiva, mostraremos de que forma redigir um modelo de orientação. 

Antes de tudo, é preciso se preparar para realizar a devolutiva. Por isso, em via de regra, é importante que:

  • Seja sincero, receptivo e compreensivo;
  • Não fale nada no impulso;
  • Tenha certeza de que aquele é o momento ideal; 
  • O que será falado corresponde aos valores e expectativas da empresa. 

Tendo isso em mente, na hora de redigir o e-mail ou informar presencialmente, é necessário descrever o contexto mental.

Em segundo lugar, deve-se desenvolver as observações e elencá-las em grau de valor. 

Neste caso, quem irá definir o valor será o emissor do feedback. Ele pode, por exemplo, utilizar do método sanduíche – iniciar com um agradecimento, falar um ponto a melhorar, e finalizar com um elogio. Ou então apenas definir do menos importante ao mais essencial. 

Neste momento, é fundamental expressar emoções. No feedback presencial isso é mais fácil de realizar, pois as pessoas estão frente a frente. Mas o modelo virtual dispõe de alguns recursos, como os emojis, que indicam sentimentos e tornam a comunicação mais leve e fluida. 

Por último, o fechamento deve terminar com sugestões, tanto de melhorias como de incentivo. 

Assim, a pessoa saberá qual caminho percorrer e conseguirá de fato aumentar seu desempenho. Essa é uma forma de ajudar na produtividade do profissional, tornando sua rotina mais assertiva.  

Além disso, é necessário demonstrar abertura para receber uma resposta ou até ganhar um feedback também. Esse é um momento de aprendizado e valorização, mas também de integração. 

Agir dessa maneira mostrará que o feedback não se trata de superioridade, e sim de crescimento profissional. 

Como receber feedbacks 

Ao receber um feedback, é importante deixar a pessoalidade de lado e encarar a informação de forma técnica. Ou seja, manter a mente aberta e ser receptiva. 

É compreensível que algumas pessoas tenham dificuldade de lidar com críticas ou elogios, mesmo sendo construtivas. Todavia, essa é uma característica que deve ser trabalhada, a fim de evitar comportamentos reativos. 

Também é preciso ressaltar que o feedback se trata da percepção de duas pessoas. Portanto, não há obrigação de concordar com tudo que foi dito. Às vezes, é necessário ponderar – levar em consideração fatores que influenciam o trabalho e que o outro desconhece. 

Lembre-se que o feedback é uma ferramenta de comunicação. Então, caso tenha ruídos, a mensagem que o emissor passa pode não ser a mesma que o receptor entende. Por isso, sempre que houver dúvidas ou algum apontamento não estiver claro, recomenda-se questionar de forma honesta e respeitosa.

Dessa forma, é mais fácil conseguir analisar de fato o que está sendo dito, considerar as mudanças possíveis e compreender a finalidade. 

Metodologia de como dar e receber feedback negativo ou positivo 

Em primeiro lugar, é válido ressaltar que não há devolutiva certa ou errada, pois isso depende de três fatores:

  • Como a pessoa receberá a informação;
  • De que forma será falado;
  • Em qual contexto será comunicado.

Por exemplo, digamos que o profissional recebe um feedback raso, onde houve apenas uma parabenização pela conclusão do trabalho, sem ter apontamento das qualidades. O que de início deveria ser um feedback de reconhecimento, acaba se tornando não construtivo por falta de informação. 

Além disso, é preciso considerar que a conotação de positividade e negatividade é definida como pontos fortes e a melhorar, respectivamente. Por conta disso, ambas são igualmente importantes. 

Todavia, lembre-se que, por terem intensidades diferentes, há métodos distintos para passar e receber um feedback positivo e negativo. Confira abaixo quais são eles e como funcionam. 

Feedback Positivo

O feedback positivo normalmente está associado ao reconhecimento e valorização do trabalho. Nele, é dito aquilo que o colaborador efetuou com maestria, ou que evoluiu em comparação a outro período ou projeto. 

Segundo pesquisa da Pulses, receber um feedback positivo torna o colaborador 2,4 vezes mais engajado. Portanto, ele é fundamental para trazer bons resultados à empresa. 

Para praticá-lo, há três formas: 

  • Motivacional: mensagens de parabenização curtas, porém específicas;
  • Incentivador: e-mails ou reuniões 1:1, para quando há muitos pontos a serem ressaltados e elogiados;
  • Exemplar: reuniões em equipe ou e-mails coletivos, quando o trabalho foi bem feito e deve servir de modelo e inspiração para outros colaboradores. 

A pessoa que receber o feedback deve agradecer e internalizar o reconhecimento, evitando justificar ou desmerecer seu próprio trabalho. 

Além disso, também é válido comentar se houve algum desafio que dificultou o processo, para que assim esse problema seja solucionado. 

Feedback Negativo

De modo geral, o feedback dado como negativo é aquele que aponta melhorias que devem ocorrer, seja de comportamento, técnica ou habilidade. Seu intuito deve sempre ser de auxiliar o crescimento e desenvolvimento do profissional, e nunca menosprezar ou diminuir seu trabalho. 

Diferente do feedback positivo, quando a informação possui conotação negativa, só há uma forma de comunicá-la: através de e-mails ou reuniões com apontamentos estruturados. 

Isso porque, não é possível mostrar os pontos a melhorar em mensagens curtas. Da mesma maneira que não é correto chamar a atenção de um colaborador na frente da equipe. 

Portanto, é necessário que esse tipo de devolutiva seja sempre passada de forma privada, respeitosa e detalhada. Assim, haverá mais incentivo ao autodesenvolvimento e será evitado o constrangimento ou desconforto do profissional pelo recebimento do feedback negativo

Como implementar a cultura de feedback na empresa? 

O primeiro passo para implementar uma cultura de feedback é estruturar e desenvolver estratégias. Infelizmente, muitas empresas não possuem isto alinhado, tornando este  o maior problema da gestão de pessoas

Para evitar isso, é preciso que você como profissional de RH pratique algumas ações. Na tabela abaixo elencamos quais são elas e como fazê-las. 

Como implementar cultura de feedback
O que fazerPor que fazerComo fazer
Conheça seus colaboradoresIsso ajudará a saber quais são as necessidades e expectativas delesUtilizando pesquisas comportamentais ou avaliação de desempenho
Treine líderes e gestores Eles serão os exemplos e mediadores, portanto precisam compreender como dar feedback com qualidadePor meio de treinamentos e workshop de preparação
Torne um hábitoO feedback deve fazer parte da cultura organizacional para ter solidezCriando um calendário ou normas de frequência para executar os feedbacks
Instrua os colaboradores  Eles devem saber como dar e receber feedbacks positivos e negativos de forma assertiva e construtivaAtravés de reuniões com líderes, apresentação de conduta, PDI com técnicas, etc
Implemente mais de uma forma de feedbackÉ importante promover avaliações individuais e coletivas, para que assim haja valorização do profissional e da equipeFazendo mural de reconhecimento, reuniões semanais em grupo, reuniões de 1:1, entre outros
Utilize ferramentas adequadasMensagens de texto em aplicativos de comunicação não são formas de se passar feedback, é preciso usar ferramentas oficiaisCriando regra de utilizar e-mails ou plataformas que registrem e criem histórico de devolutivas

Estruture a empresa para a cultura do feedback!

Como você pode perceber, o feedback é uma ferramenta essencial para gerar benefícios tanto aos colaboradores quanto à empresa. Ele pode ser dado para orientação, reconhecimento ou avaliação, através de e-mails e reuniões individuais ou coletivas. 

Não há feedback certo ou errado, sendo ele positivo ou negativo. O importante é apenas considerar a quantidade de informação, a frequência, o detalhamento e a empatia. 

Dessa forma, o RH poderá inclusive melhorar o clima organizacional da instituição. Isso porque, conforme foi aprendido, essa prática gera aprendizado contínuo, felicidade e satisfação dos profissionais, e integração da equipe. 

Esse conjunto de fatores corroboram para que haja um ambiente saudável, positivo e produtivo no trabalho. 

Se você quer conhecer outras técnicas que auxiliam na melhora da sua empresa, leia gratuitamente o E-book de Clima Organizacional. Nele, há dicas, detalhes de mensuração e um guia para pesquisa. Confira! 

New call-to-action

Compartilhe nas redes sociais

Posts Relacionados

Contribua com esse post

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Plataforma para gestão de departamento pessoal online.

Automatize suas rotinas de RH e Departamento pessoal e controle os dados de seus funcionários em um único lugar, de onde estiver.

Quer receber todas as novidades do nosso blog?

Se inscreva abaixo e receba conteúdos exclusivos!