Oferecer um bom salário sempre foi visto como o principal meio em que as empresas podem atrair e reter os bons talentos. Contudo, ele já deixou de ser o único item avaliado pelos profissionais. Por isso, os gestores estão cada vez mais atentos ao chamado salário emocional.
O salário é um fator essencial. Contudo, benefícios adicionais como creche para os filhos dos funcionários ou academia, podem ser um diferencial para obter vantagem competitiva. Além disso, existem outros fatores que podem influenciar nessas decisões: os benefícios não materiais. Dentre eles, podemos citar um bom clima organizacional. Afinal, nenhum profissional deseja trabalhar em um ambiente desgastante. O equilíbrio de todos esses pontos pode aumentar a satisfação dos colaboradores e proporcionar resultados muito vantajosos, seja para o lado da organização ou do funcionário.
Para descobrir mais sobre esse conceito, quais ações as empresas podem tomar para implementá-lo e os cuidados necessários, é só continuar a leitura!
O que é salário emocional?
O conceito de salário emocional surgiu a partir do FIB, que é a sigla para Felicidade Interna Bruta. É um indicador de desenvolvimento do Butão, um país que fica na região do Himalaia. Ao ser colocado em prática, ele busca medir o progresso da comunidade, baseando-se em conceitos além dos econômicos e materiais.
O salário emocional pode ser definido como um conjunto de fatores oferecido pela empresa que irá promover incentivos emocionais e motivacionais aos colaboradores, proporcionando assim um bom clima organizacional. O objetivo desses impactos positivos é aumentar o engajamento, comprometimento e produtividade da equipe. Dessa forma, é possível fazer com que as pessoas queiram permanecer na empresa.
Os elementos desse tipo de salário não têm ligação direta com os benefícios obrigatórios por lei que são entregues aos funcionários e nem com a entrega de valores financeiros. Eles são valores não tangíveis e subjetivos, variando de acordo com as características dos profissionais de cada organização e suas necessidades.
Essa ferramenta busca as vantagens que vão além do básico oferecido pelas empresas aos seus colaboradores. Os elementos devem envolver fatores como: qualidade de vida no trabalho, reconhecimento, cultura organizacional, entre outros. Essas vantagens costumam ser oferecidas por empresas que possuem a visão de uma nova realidade e enxergam o capital humano como o motor de eficácia dos negócios.
Segundo Chiavenato (1999, p.391), autor renomado de diversos livros na área de administração de empresas e na gestão de recursos humanos, a qualidade de vida no trabalho “representa em que graus os membros da organização são capazes de satisfazer suas necessidades pessoais através do seu trabalho na organização”. Portanto, essa é uma excelente estratégia para alcançar a qualidade de vida do seu time e alcançar impactos positivos nos negócios.
Qual é a importância do salário emocional para as empresas?
Como já citamos aqui, os fatores que compõem o salário emocional proporcionam benefícios que promovem nos colaboradores o desejo em permanecer trabalhando na empresa. É por isso que uma das principais vantagens é a redução da taxa de turnover. Consequentemente, há o aumento da retenção de talentos na organização.
Uma pesquisa realizada pelo site Catho apontou que 90% dos trabalhadores que utilizam a plataforma desejavam trocar de emprego ao iniciar o ano de 2020. Entre os motivos, podemos encontrar pontos importantes como a melhora na qualidade de vida, a busca por uma melhor condição financeira e até mesmo a mudança do segmento de atuação.
Esses dados mostram o quanto as empresas precisam estar atentas ao salário emocional. Afinal, os fatores que fazem com que um profissional queira deixar a empresa não estão ligados apenas ao salário. O lado financeiro pode ter grande influência nas decisões, mas questões como falta de oportunidade de crescimento, liderança insatisfatória, ambiente de trabalho ruim e baixa qualidade de vida também estão entre os principais motivos que aumentam a rotatividade dos colaboradores.
Contudo, é importante saber que a redução do turnover não é a única razão na qual a empresa deve investir no salário emocional. Buscar atender a necessidade e satisfação dos colaboradores é uma postura benéfica para ambos os lados. Funcionários motivados e satisfeitos não trabalham como se fossem obrigados, mas encontram o propósito e significado em suas tarefas. Dessa forma, o engajamento aumenta e eles passam a dar o seu máximo potencial nos resultados oferecidos. Os resultados são funcionários mais proativos, produtivos e que “vestem a camisa” da empresa.
Qual é a importância do salário emocional para os empregados?
Como abordamos anteriormente, atender a necessidade dos colaboradores traz benefícios tanto para a empresa quanto para o colaborador. De acordo com o FIB (Felicidade Interna Bruta), esse salário, que faz a integração do material com o não material, pode impactar positivamente os funcionários através da avaliação dos seguintes fatores:
- Saúde: hábitos de dentro e fora das instalações da empresa. A flexibilidade para que o indivíduo cuide da saúde é uma das características da FIB. (ex.: empresas que oferecem espaços destinados à saúde do profissional dentro do ambiente de trabalho);
- Gestão do tempo: oferecer bem estar em relação ao tempo gasto para que não afete relações com amigos e familiares (ex.: flexibilidade de horário);
- Bem-estar psicológico: leva em conta os níveis de satisfação pessoal com relação a própria vida do indivíduo, considerando emoções positivas e negativas, como por exemplo o estresse;
- Vitalidade comunitária: análise do relacionamento e interação nas comunidades, examinando o nível de confiança, pertencimento e engajamento;
- Educação: fatores relacionados ao envolvimento com a educação do indivíduo. (ex.: desenvolvimento de competências, flexibilização para funcionários que realizam cursos);
- Cultura: maior conexão com quem trabalha e consome os serviços da empresa. (ex.: promover tradições regionais e locais);
- Meio ambiente: interação do funcionário com o ambiente que ele faz parte (ex.: práticas de sustentabilidade);
- Governança: análise de como o cidadão interage na sociedade. Ligada aos negócios, tem relação em como ele lida com a sua liderança;
- Padrão de vida: análise da renda, posses, dívidas, qualidade de habitação e salário.
Isso mostra o quanto o salário emocional é importante para os colaboradores. Ele promove as interações humanas entre empresa e funcionário, e também entre empresa e comunidade. Para a nova geração de talentos, não são todos os benefícios financeiros que irão suprir as necessidades. Os componentes emocionais e motivacionais acabam se tornando tão fundamentais quanto o salário recebido.
Tipos de salário emocional
Cada segmento no mundo dos negócios e cada organização pode trabalhar esse tipo de salário de formas diferentes. Não existe regras específicas, afinal, isso irá depender do perfil dos colaboradores. Confira abaixo alguns exemplos:
- Clima organizacional positivo, agradável, estimulante e saudável;
- Recompensas e outros benefícios;
- Programas e treinamentos com focos motivacionais e para promover o autoconhecimento;
- Comunicação ágil e clara entre toda a equipe;
- Bons relacionamentos interpessoais;
- Oportunidades de desenvolvimento pessoal e crescimento interno;
- Transparência em relação aos objetivos da empresa e nos processos;
- Flexibilidade na rotina organizacional;
- Oportunidades de progressão na carreira;
- Reconhecimento pelo trabalho e feedbacks positivos;
- Estímulos a novos desafios;
- Ações em datas comemorativas;
- Avaliações objetivas e diretas;
- Programas de lazer como academia e outras atividades que também alcancem as famílias dos funcionários;
- Programas de aprendizado;
- Tarefas para explorar talentos individuais;
- Sentir-se parte da empresa em que trabalha;
- Liderança eficiente e inspiradora;
- Aplicação de ferramentas de Psicologia Organizacional, como mapeamento dos modelos de gestão, mapeamento do perfil dos colaboradores e avaliação de desempenho, etc.
- Atenção às necessidades pessoais e profissionais dos colaboradores.
Cuidados ao adotar o salário emocional
Agora que você já viu todos os benefícios que esse tipo de salário pode proporcionar, precisamos falar sobre alguns cuidados necessários. Apesar de ser vantajoso, as empresas devem se atentar para que exista o equilíbrio com a remuneração financeira. É uma ótima forma para ajudar no desenvolvimento e motivação dos colaboradores, mas se utilizado para protelar um aumento de salário pode não alcançar os resultados esperados. Para que esta ferramenta funcione bem, alguns cuidados devem ser tomados. Confira abaixo:
- Não utilize essa ferramenta para substituir as pesquisas salariais e os ajustes de remuneração. Além disso, também não deve ser utilizada para protelar a aplicação de políticas estratégicas de remuneração;
- Todas as características dessa ferramenta devem ser devidamente esclarecidas aos colaboradores. Seu uso errôneo prolongado pode trazer efeitos negativos para as empresas, pois os resultados não são alcançados. Também há prejuízos para o colaborador, que acabam tendo um baixo engajamento;
- É fundamental que os benefícios oferecidos agreguem algum valor e contribuam para o desenvolvimento do colaborador;
- Outro elemento importante que esses benefícios não podem substituir é o desenvolvimento de competências. Apenas oferecer benefícios não constrói colaboradores que a empresa precisa para o seu sucesso;
- Esse tipo de ferramenta não pode se tornar apenas um título para atrair talentos, mas precisa ser uma estratégia vinculada a algo que faça sentido. Os colaboradores devem ser realmente desenvolvidos e valorizados pela empresa.
Como implementar salário emocional?
Veja abaixo alguns passos para realizar a implementação desta ferramenta na empresa:
1. Tenha uma liderança engajada
Primeiramente, os gestores devem trabalhar para conduzir o processo de desenvolvimento de toda a sua equipe. Esse requisito básico é primordial para proporcionar um bom clima organizacional e começar a construir as bases para o salário emocional. Se a liderança não tiver um alto engajamento para transformar o ambiente de trabalho e aumentar a satisfação dos colaboradores, poucos serão os resultados alcançados.
2. Não faça distinções
As possibilidades de desenvolvimento e crescimento na carreira devem estar disponíveis para todos. Como já citado aqui, esta ferramenta precisa ser real e, por isso, a empresa deve se preocupar com os seus funcionários, sem distinções.
3. Tenha departamentos com os mesmos objetivos
Promover este tipo de salário é uma estratégia que deve envolver todas as áreas da organização. Os departamentos precisam atuar em conjunto para que todos busquem alcançar os mesmos objetivos. Dessa forma, é possível construir uma cultura organizacional forte que demonstre de forma clara aos colaboradores as possibilidades existentes de crescimento profissional, pessoal, na hierarquia da empresa, dentre outras inúmeras oportunidades que possam surgir. Quando as estratégias dos negócios atuam em conjunto com essa ferramenta, ela ganha mais força e causa maiores impactos na busca pela vantagem competitiva no mercado.
4. Conheça o perfil dos colaboradores
Os gestores devem buscar conhecer o perfil dos seus colaboradores para entender quais serão as melhores soluções para aumentar a satisfação e o engajamento de toda a equipe. Afinal, do que adianta oferecer benefícios aparentemente vantajosos mas que não sejam úteis para os seus funcionários? Por isso, realize sempre análises constantes e conheça melhor o seu time.
5. Ofereça treinamentos
Por fim, oferecer treinamentos sobre este conceito de salário é uma ótima opção para que todos entendam o que de fato ele significa e como devem promovê-lo na empresa.
A importância da cultura organizacional na implementação
A cultura organizacional é um dos pilares que irão contribuir para este tipo de salário e para qualquer outra ferramenta que busque o desenvolvimento de pessoas. Neste caso, estamos tratando de algo intangível e difícil de medir. Portanto, é necessário fortalecer a cultura da empresa para nortear os processos e alcançar melhores resultados nessa implementação. Isso funciona não só para os resultados internos, mas também para tornar a empresa atrativa para novos talentos.
Um dos exemplos muito conhecidos no mercado é o Google. É uma das empresas mais atrativas para se trabalhar, onde muitos talentos desejam prosseguir em sua carreira. Em meio a um ambiente de trabalho descontraído e motivante, são diversos os benefícios e privilégios. Dentre eles, podemos citar as refeições grátis, quadras de esporte, massagens, lavagem de carro, entre muitos outros que fazem com que seja conhecido como a empresa dos sonhos de vários profissionais. Todos esses aspectos nos mostram o quanto uma cultura organizacional forte pode trazer muitos impactos positivos para os negócios.
Gostou deste artigo? Se você deseja implementar essa ferramenta em sua empresa, você pode baixar a nossa matriz de avaliação de benefícios para analisar o seu pacote de forma rápida e objetiva. Agora, o próximo passo é só colocar em prática! Mas, não se esqueça de seguir todas as nossas dicas. Até a próxima!