Junho vermelho é o mês de conscientização sobre a doação de sangue em todo o Brasil.
Além de reforçar a importância do tema, o junho vermelho também tem como foco angariar novos doadores voluntários para os hemocentros espalhados pelo país.
Como essa ação é realizada por instituições privadas e públicas, é certo dizer que o RH também possui um importante papel neste incentivo à doação. Afinal de contas, essa celebração é de profunda relevância para a sociedade, visto que a disponibilidade de sangue para aqueles que estão precisando é capaz de salvar vidas.
Nesse conteúdo vamos conhecer como funciona a campanha junho vermelho, dados sobre a doação de sangue em nosso país, e de que maneira o RH pode conduzir essa ação nas empresas.
A importância do Junho vermelho para a doação de sangue
O próprio mês de junho também foi escolhido estrategicamente. Ele marca a chegada do inverno e dos dias mais frios em boa parte do país. Com ele, baixa-se não só a temperatura, como também os estoques de sangue nos hemocentros.
Além disso, uma única doação de sangue é capaz de salvar até quatro vidas.
Justamente por isso, conscientizar é o primeiro passo para que a doação se torne uma atitude mais frequente por parte da população. Especialmente com as quedas nos estoques que acontecem de maneira mais evidente em junho.
É necessário tornar o assunto corriqueiro, cada vez mais presente nas rodas de amigos e familiares, assim como nas empresas. Afinal, muitos nem sequer sabem como ela funciona e sua importância.
O alcance da informação proporcionado pelo junho vermelho, busca incentivar e aumentar o número de doações.
Dentro das empresas, cabe ao RH assumir uma postura ativa em prol deste ato de cidadania. A ocasião da campanha pode e deve ser utilizada de maneira estratégica para a promoção de ações.
Origem da campanha junho vermelho
A campanha Junho Vermelho começou em 2015. Ela partiu do movimento “Eu Dou Sangue”, que por sua vez, compartilha sua comemoração com o Dia Internacional da Paz.
Tal união foi pensada estrategicamente, visto que a comemoração considera que doar sangue está entre as mais genuínas formas de cultivar a paz.
Falando um pouco mais sobre o movimento Eu Dou Sangue, em suma, ele considera a doação um ato de luta pela vida. Afinal, a doação é uma prática cidadã que aproxima, equipara e une.
O Manifesto Eu Sou Sangue considera que “Doar sangue é um ato de sociedade que não tem raça, cor, classe social ou religião. Sangue nos une, nivela e nos equipara. Sangue é vermelho e ponto!”
Junho também foi escolhido pensando no inverno. Afinal, ainda que o Brasil seja um país tropical, esse mês costuma registrar baixas temperaturas, especialmente quando falamos em Sul e Sudeste.
O último motivo para junho vermelho é que no dia 14 de junho celebra-se o Dia Mundial do Doador de Sangue. Motivos então não faltam para incluí-lo em seu calendário de RH, certo?
A propósito, existem outras campanhas de conscientização de temas diversos que o RH deve absorver para ações internas. Entre elas, temos:
- Janeiro Branco: conscientização acerca da saúde mental e psicológica para a promoção do bem-estar no trabalho;
- Fevereiro Roxo: mês de tratamento e conscientização sobre doenças crônicas, tais como fibromialgia, lúpus e Alzheimer
- Março Lilás: conscientização sobre o câncer de colo de útero;
- Abril Azul: mês internacional de visibilidade e conscientização sobre o autismo;
- Maio Amarelo: mês de conscientização e prevenção de acidentes de trânsito.
Doação de sangue no Brasil
Dados do Ministério da Saúde apontam que 16 a cada 1000 brasileiros doam sangue.
Assim, o número representa algo como 1,6% da população e está dentro do que é orientado pela OMS (Organização Mundial da Saúde). A organização trabalha com a margem de 1% de população doadora em cada país.
Apesar de estar dentro do índice recomendado, o número não supre a atual demanda dos brasileiros.
Com a pandemia do covid-19, os bancos de sangue de todo o mundo registraram baixa de estoque. No Brasil não foi diferente: segundo dados do Ministério da Saúde, o número de doações entre 15 a 20% pelo medo de contaminação.
Mas esse passa longe de ser o único motivo que diminui a adesão à doação de sangue.
O que dificulta a doação de sangue no país?
Para além do período de pandemia, que de fato trouxe o medo de sair de casa à tona , a própria falta de conscientização. O problema é apontado pela Abiis (Aliança Brasileira da Indústria Inovadora em Saúde) como o principal motivo pelo qual a maioria das pessoas não possui o hábito de doar sangue.
“O brasileiro ainda não tem a cultura de doar sangue. O país nunca passou por acontecimentos que exigissem uma maior compreensão sobre a importância da doação de sangue, como uma guerra, ao contrário de países como Japão ou Estados Unidos, onde o índice de doação é consideravelmente maior”, alerta a Abiis.
Para o Brasil lidar com essa realidade, junho vermelho se tornou até Projeto de Lei.
O PL 205/22, instaurado na Câmara, é uma iniciativa de fevereiro de 2022. Ela tem como objetivo instituir junho vermelho como uma campanha de saúde pública. Isso por meio do estímulo a ações nacionais, regionais e locais que sensibilizem, mobilizem e incentivem a doação.
O texto, no entanto, segue em análise pelos deputados.
Quais são os requisitos para doação?
Para doar sangue é necessário cumprir com alguns pré-requisitos.
Antes de tudo, é importante saber que os doadores precisam ter pelo menos 50 kg. Além de idade entre 16 a 69 anos.
Estar em boa condição de saúde geral também é fundamental. Ela é comprovado por meio de um checklist seguido pelos hemocentros:
- Estar bem-alimentado, sem jejum e ter evitado o consumo de alimentos gordurosos três horas antes da coleta;
- Ter uma boa noite de sono antes do exame, de pelo menos 6 horas;
- Se for doar após o almoço, é necessário aguardar duas horas;
- Na faixa etária de 60 a 69 anos só podem doar sangue indivíduos que já doaram antes de completar 60 anos.
Posso doar quando quiser?
Não, há uma periodicidade entre uma doação e outra a ser respeitada.
Os homens podem doar a cada dois meses, sem ultrapassar 4 doações ao ano.
Já as mulheres de três em três meses, sendo respeitado o limite de 3 doações por ano.
Em relação às quantidades, o máximo de sangue a ser retirado em cada doação é de 450 ml. Um adulto tem, em média, algo em torno de 5 litros.
Em maio de 2020, uma restrição que proibia homossexuais de doarem sangue foi finalmente derrubada pelo STF. A regra foi vista como discriminatória, e, assim, se tornou inconstitucional. Essa discussão era vigente desde 2017.
A medida foi revisada em um momento delicado para o país. O Brasil chegou a níveis baixíssimos de doação durante a pandemia do coronavírus. Dessa forma, a medida foi revista e, a doação, finalmente liberada.
Lembrando, ainda, que o tabu contra a doação de homossexuais é sequela de uma epidemia de HIV e AIDS nas décadas de 80 e 90 que enraizou o preconceito. Na época, acreditava-se que homossexuais carregavam a doença com maior frequência, o que não passa de uma afirmação preconceituosa.
Quais são os impedimentos temporários para doar sangue?
Existem uma série de impedimentos para doação de sangue. No entanto, a maioria deles são temporários. São eles:
- Gestação e período pós-gestação: por 180 dias para cesariana e 90 para parto normal;
- Resfriados, gripes e febre: só se pode doar uma semana após desaparecem os sintomas;
- Amamentação: até um ano após o parto;
- 72 horas após extrações dentárias;
- Piercing e tatuagem realizados nos últimos 12 meses;
- Ingestão de álcool 12 horas antes da doação;
- 12 meses após transfusões de sangue;
- Hérnia, apendicite, varizes e amigdalectomia impedem a doação por três meses;
- Assim como colectomia, redução de fraturas, tireoidectomia, nefrectomia, histerectomia e colecistectomia impedem a doação por 180 dias;
- Procedimentos realizados com endoscópio impedem a doação por 6 meses;
- Exposição a risco para DSTs (doenças sexualmente transmissíveis) no último ano.
E os definitivos?
Existem apenas cinco fatores que impedem, de maneira definitiva, a doação de sangue. São eles:
- Comprovação laboratorial ou clínica de presença de doenças transmissíveis pela corrente sanguínea. Entre elas estão a AIDS (vírus HIV), hepatites do tipo B e C, doença de chagas e doenças causadas pelos vírus HTLV 1 e 2;
- Ter enfrentado um episódio de hepatite após completar 11 anos de idade;
- Uso injetável de drogas ilícitas;
- Ter sido vítima de malária;
- Piercing na região genital ou em cavidade oral.
Campanha junho vermelho nas empresas
As empresas têm um papel muito relevante na conscientização sobre a campanha de doação de sangue.
Uma das atitudes mais comuns neste sentido envolve a organização de grupos de pessoas colaboradoras para doação coletiva. Neste caso, os grupos são levados em clínicas parceiras; ou há coleta no ambiente de trabalho.
Palestras e workshops anteriores à doação também são válidas. Afinal, entende-se que o tema naturalmente envolve dúvidas, principalmente para quem nunca doou. Também é importante para falar sobre tópicos mencionados acima, tais como:
- Contextualização da campanha de junho vermelho;
- Exposição de dados nacionais sobre doação de sangue;
- Requisitos para doação;
- Impedimentos (temporários ou definitivos).
Uma dica pode ser investir em ciclos de palestra sobre o tema. Semanalmente, cada um dos temas acima pode ser abordado de maneira mais específica.
Ideias para calendário de ações
Outras ideias que podem ajudar na organização do junho vermelho e em campanhas de doação de sangue na empresa, são as seguintes:
- Fornecer material de apoio que convença o colaborador e facilite uma tomada de decisão positiva. Cartilhas indicativas de onde e como doar próximo à empresa são exemplos;
- Criar uma corrente do bem com os colaboradores que doaram nos anos anteriores. Eles podem falar sobre a experiência, contar como o processo é seguro e abordar demais informações que estimulem a doação dos demais;
- Desenvolver ações virais nas redes sociais sobre a temática. Falar sobre mitos e verdades sobre a doação de sangue é um bom exemplo;
- Estudar parcerias com empresas que ofereçam descontos para as pessoas colaboradoras que doarem sangue.
Por fim, é importante que as empresas compreendam a relevância que possuem ao assumirem um papel ativo no junho vermelho.
Afinal, se cada uma fizer um pouquinho, o resultado pode ser incrível!
O que fazem com o sangue coletado dos colaboradores?
Primeiramente, o sangue é fracionado em 4 hemocomponentes. Isso significa que ele não é usado de modo instantâneo. Mas passa primeiramente por uma rigorosa análise antes de ser estocado.
Se aprovado, o sangue é direcionado para uso em situações de urgência ou emergência. Também são utilizados em internações ou em pacientes com problemas mais rigorosos de saúde.
Quem doa sangue tem o dia abonado?
Sim. Mas há algumas observações sobre o tema que merecem atenção especial.
De acordo com o artigo 473 da CLT (Consolidação das Leis de Trabalho), a pessoa colaboradora ganha falta justificada, ou seja, pode não comparecer ao trabalho em caso de doação de sangue voluntária.
Apesar disso, a regra só é válida para um dia a cada 12 meses. Neste caso, não é permitida a aplicação de sanções salariais. Por fim, o inciso IV indica que há obrigatoriedade de comprovação da realização do processo por parte do colaborador.
Conscientização é também um dever das empresas
Para concluir, podemos dizer que a conscientização sobre doação de sangue é também um dever das empresas. Isso porque a campanha junho vermelho impacta não somente as organizações, mas também seus colaboradores e familiares.
Afinal, nunca se sabe o momento em que qualquer um desses envolvidos pode precisar de uma doação, certo?
Por isso, conforme ressaltamos anteriormente, recomendamos que a campanha junho vermelho também faça parte do calendário de ações planejadas pelo setor de RH. Esse departamento pode participar ativamente em atividades e ações de endomarketing que estimulem a conscientização e, principalmente, a doação.
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