Coloque-se no lugar de um trabalhador que acorda cedo, enfrenta o transporte público lotado e cumpre uma jornada de trabalho de 8 horas seis vezes por semana.
Não é uma realidade fácil, mas quem segue a jornada 6×1, um dos modelos mais tradicionais de trabalho no Brasil, descansa apenas uma única vez semanalmente.
Mas será que o modelo 6×1 ainda é eficiente? Quais são os impactos para os trabalhadores e como o cenário pode mudar com as discussões atuais sobre a jornada de trabalho 4×3?
Neste artigo, vamos explorar o que é a escala 6×1, porque e para qual modelo está perdendo espaço no cenário atual, a proposta de fim dessa jornada de trabalho tradicional e seus possíveis impactos.
Continue lendo para entender os motivos que levam à possível substituição da jornada 6×1 e o que esperar do futuro da jornada laboral! 😉
O que é a jornada 6×1?
A jornada 6×1 (seis por um) consiste em seis dias consecutivos de trabalho, seguidos de um dia de descanso.
Trata-se de uma escala muito comum no Brasil e prevista pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
Como funciona a jornada 6×1?
Neste modelo, o trabalhador cumpre até 44 horas semanais, com o descanso semanal remunerado incluído. O dia de folga pode variar, mas a lei determina que o empregado tenha pelo menos um domingo de descanso a cada sete semanas.
A escala 6×1 é amplamente usada em setores como comércio, indústrias e serviços essenciais, os quais a continuidade das operações é fundamental.
Como a escala 6×1 impacta os trabalhadores sob o regime CLT?
A jornada 6×1 tem vantagens e desvantagens.
Por um lado, permite um dia de descanso fixo semanal. Por outro, pode causar cansaço físico e mental, já que o tempo de recuperação é curto.
Nos impactos estão inclusos:
- Desgaste físico, pois a rotina intensa reduz o tempo para lazer e descanso adequado.
- Baixa produtividade, já que o cansaço acumulado pode prejudicar o desempenho.
- Aumento do estresse no trabalho, visto que longas jornadas afetam a saúde mental.
Dessa forma, o modelo vem sendo questionado por não acompanhar as mudanças no mercado de trabalho e nas necessidades dos trabalhadores.
Existe alguma relação entre a escala 6×1 e o burnout?
Estudos realizados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) já classificaram a síndrome de burnout como um fenômeno ocupacional.
De acordo com o jornal da USP, cerca de 30% dos trabalhadores brasileiros sofrem com sintomas relacionados à síndrome, como exaustão extrema e distanciamento emocional do trabalho.
🟣 Em 2023, 421 pessoas foram afastadas do trabalho por burnout, segundo o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) do Ministério da Previdência Social.
A condição é agravada em jornadas longas e com poucos dias de descanso, como no modelo 6×1, pois limita a recuperação física e mental do trabalhador.
Pesquisas indicam que longas cargas de trabalho estão associadas a um risco 29% maior de desenvolver transtornos de ansiedade e depressão, segundo o National Institute for Occupational Safety and Health (NIOSH).
Fim da jornada 6×1 no Brasil? Por que o modelo está sendo debatido?
Nos últimos meses, o fim da jornada 6×1 ganhou destaque com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da deputada Erika Hilton (PSOL-SP), que sugere sua extinção.
A proposta visa modernizar as relações trabalhistas e equilibrar melhor trabalho e qualidade de vida.
Os argumentos a favor do fim da escala 6×1 incluem:
- Melhoria na saúde e bem-estar dos trabalhadores, proporcionando mais tempo para lazer e convivência familiar.
- Aumento da produtividade, visto que trabalhadores descansados e saudáveis tendem a ser mais eficientes.
- Alinhamento global, dado que os países desenvolvidos já adotam jornadas reduzidas.
Apesar dos notáveis benefícios, os argumentos contrários apontam o impacto financeiro, partindo do princípio que empresas podem enfrentar custos maiores para contratar mais pessoas; enquanto setores essenciais podem enfrentar desafios na reorganização de escalas, impactando diretamente a logística operacional.
Quais são os possíveis impactos da PEC sobre a jornada 6×1 no mercado de trabalho?
Caso aprovada, a PEC proposta por deputada Erika Hilton que propõe 36 horas semanais de trabalho — sem alteração na carga máxima diária de oito horas — trará mudanças significativas para empresas e trabalhadores. Veja como:
Impactos para os trabalhadores
- Mais folgas semanais ou dias de descanso prolongado;
- Redução do estresse;
- Maior equilíbrio entre vida pessoal e profissional;
- Revisão de benefícios trabalhistas.
Impactos para as empresas
- Readequação das escalas;
- Necessidade de contratar mais funcionários para cobrir as folgas adicionais;
- Aumento na retenção de talentos;
- Desafios iniciais de adaptação.
Ao propor mudanças na jornada 6×1, esta PEC reflete uma evolução necessária para atender às demandas de uma sociedade que valoriza tanto a eficiência no trabalho quanto a saúde e o bem-estar dos trabalhadores.
O que é a jornada 4×3 e como ela funciona?
A PEC, além de sugerir a extinção da tradicional jornada 6×1, propõe uma readequação para um modelo mais moderno e flexível: o 4×3.
A jornada 4×3 é um modelo que permite ao trabalhador cumprir quatro dias de trabalho seguidos de três dias de descanso.
🟣 Apesar de ser menos comum no Brasil, é um sistema vem ganhando popularidade em empresas internacionais que priorizam o bem-estar no trabalho.
A jornada semanal passaria a ser de 36 horas, apresentando redução significativa em relação às 44 horas tradicionais. Entre os benefícios estão: a redução do desgaste físico e mental, o aumento da produtividade e a melhora do desempenho no trabalho.
Quais países já adotaram a jornada 4×3?
Diversos países testaram ou implementaram jornadas reduzidas. Confira alguns países que estão testando a semana de 4 dias de trabalho e seus resultados segundo o portal 4 Day Week Global:
- Na França, a jornada semanal de 35 horas já é uma realidade, com modelos flexíveis amplamente adotados, especialmente no setor de tecnologia.
- No Reino Unido, 92% das empresas que participaram do teste da jornada 4×3 decidiram manter o modelo após o período piloto, com 30% delas relatando melhorias na produtividade.
- Na Itália, empresas do setor de TI e serviços têm implementado a jornada de trabalho de 4 dias com sucesso.
- Na Holanda, companhias como NMBRS e NXT LVL são exemplos de organizações que adotaram o modelo 4×3 com êxito.
- Na África do Sul, 28 empresas testam a jornada de 4 dias desde 2022, obtendo resultados positivos, especialmente nos setores de tecnologia e serviços.
🟣 O Brasil iniciou um projeto piloto com 22 empresas para testar a semana de trabalho de 4 dias. Os resultados apontaram melhorias significativas no bem-estar e na produtividade dos trabalhadores. Apesar disso, o modelo encontra resistência em setores mais tradicionais da economia.
Impactos positivos da escala 4×3
De acordo com os dados coletados pelo estudo da 4 Day Week Global, que lidera os projetos ao redor do mundo em relação à implantação da semana de quatro dias de trabalho, é possível observar:
- Redução no esgotamento (68%).
- Atração de talentos (63%).
- Aumento na capacidade para o trabalho (54%).
- Diminuição nas demissões de funcionários (42%).
- Aumento da receita em relação ao ano anterior (36%).
O futuro da jornada de trabalho
A discussão sobre o fim da jornada 6×1 e a implementação do modelo 4×3 marca uma mudança importante no mercado de trabalho.
O debate reflete o desejo por melhores condições de trabalho enquanto oferece maior produtividade para as empresas e bem-estar geral para os trabalhadores.
Para acompanhar de perto as mudanças nas leis e nos direitos trabalhistas mais recentes, o blog da Convenia é a melhor fonte de informação!
Mantenha-se atualizado com os conteúdos estratégicos da Convenia, permitindo que sua empresa esteja sempre em conformidade legal. 😉
Perguntas frequentes sobre a jornada 6×1
Quem trabalha 6×1, quando folga no domingo, perde a folga da semana?
Não. A folga semanal é obrigatória e o descanso dominical não pode ser trocado por outro dia na mesma semana.
Quem trabalha em escala 6×1 tem direito a folga no domingo?
Sim. A CLT garante que, a cada sete semanas, o trabalhador tenha pelo menos um domingo de descanso.
Quem trabalha 6×1 pode folgar no sábado?
Sim. A escala 6×1 prevê que o trabalhador preste seus serviços durante 6 dias e folgue 1, podendo ser durante a semana ou no final de semana.
Todavia, a flexibilidade de escolha do dia da folga depende do acordo entre a empresa e o colaborador, podendo variar de contrato para contrato.
Quais são as desvantagens da escala 6×1?
As principais desvantagens da jornada 6×1 incluem: redução na produtividade, gestão de escalas complexa e maior turnover que, por sua vez, aumenta os custos de recrutamento e treinamento.
Quem trabalha em escala 6×1 trabalha quantos dias no mês?
Uma pessoa que trabalha em escala 6×1 trabalha 26 dias por mês, considerando uma média de 4 semanas no mês, totalizando cerca de 4 dias de folga — sem contabilizar possíveis feriados.