Já passou o tempo em que a rigidez ditava as relações nas empresas. O mercado evoluiu e novos métodos de gerenciamento provaram-se mais vantajosos. Agora, para contar com os melhores talentos, é papel das organizações promover autonomia no trabalho.
Uma vez que a tecnologia avança, o mercado se transforma, as dinâmicas laborais e o perfil dos profissionais também mudam. Nesse processo, surge uma nova tendência de cultura organizacional, em que a liberdade no trabalho passa a condicionar sua performance.
Considerando que ambientes autônomos são mais alinhados às novas exigências do cenário competitivo e atrativos para os profissionais de ponta, cabe aos gestores e profissionais de RH compreender seus impactos e definir meios eficientes para adequar-se a essa nova realidade.
Para auxiliar nesse processo, preparamos este artigo com tudo o que você precisa saber sobre o assunto. A seguir, entenda o que significa ter autonomia profissional, seus benefícios, relação com a cultura do negócio e como incentivar um trabalho mais autônomo na sua equipe.
O que significa ter autonomia no trabalho?
O conceito de autonomia no trabalho se refere ao grau de liberdade que os colaboradores têm para gerir suas próprias rotinas laborais. Ou seja, trata-se do empoderamento de cada profissional para lidar com suas responsabilidades e tarefas no cotidiano corporativo.
Quanto maior é a autonomia profissional, menor é a dependência pela validação de líderes, gestores e outros superiores. Isso significa que os profissionais têm sua própria tomada de decisão diante das diferentes situações e contextos que vivem na empresa.
Evidentemente, isso não significa que os talentos ficam sem nenhum tipo de supervisão. Contudo, ao invés de ditar regras e monitorar cada pequena ação da equipe, os líderes passam a atuar de maneira mais estratégica, delegando tarefas, traçando metas e mediando interesses.
Basicamente, a autonomia no trabalho parte do pressuposto que ninguém sabe melhor como um profissional pode alcançar sua melhor performance do que ele mesmo. Isso sem falar que a produtividade não está associada a controle, mas sim à entrega de resultados.
No mesmo sentido, um colaborador capaz de tomar suas próprias decisões também ganha mais confiança em seu cargo. Isso o faz sentir-se mais valorizado pela empresa, o que também favorece seu engajamento e motivação.
Uma pesquisa global da International Workplace Group (IWG) aponta que, dos mais de 15.000 empresários entrevistados, 85% confirmam que a adoção de uma cultura mais flexível e autônoma aumentou a produtividade no trabalho de suas equipes.
Já entre os profissionais, 80% afirmaram que, caso tivessem duas ofertas de emprego parecidas, acabariam recusando aquela que não oferecesse autonomia. Abaixo, nos aprofundamos nos benefícios que o modelo proporciona.
Vantagens de oferecer autonomia no trabalho
Agora que você já sabe o que é autonomia, tenha em mente que ela é muito mais que uma simples tendência. Na verdade, o modelo está ganhando protagonismo no mercado porque gera impactos muito significativos às organizações. Suas principais vantagens incluem:
Melhora a eficiência
Uma autogestão baseada em metas faz com que cada profissional adote os melhores meios possíveis para atingir seus objetivos. Isso sem falar que a confiança passada pelos gestores aumenta o senso de responsabilidade dos colaboradores.
Assim, eles sentem-se motivados a entregar resultados cada vez melhores para fazer jus a essa credibilidade.
Desenvolve habilidades
Além do senso de confiança e de engajamento que a autonomia no trabalho proporciona, ela também potencializa o desenvolvimento de habilidades. Afinal, enquanto lida com os desafios diários da organização, cabe ao colaborador encontrar soluções, pensar de maneira inovadora e desenvolver as competências necessárias para atingir suas metas.
Além disso, o desenvolvimento de processos de formação continuados, também é essencial para o desenvolvimento de habilidades. Implementar uma universidade corporativa ou organizar um PDI, por exemplo, também são maneiras de impulsionar os colaboradores a aprimorarem suas capacidades.
Aumenta a responsabilidade
Como ocorre na relação entre autonomia e inovação, a flexibilidade no trabalho também desperta um senso de liderança entre os profissionais. Afinal, eles passam a ser responsáveis pelo seu próprio desempenho.
Ou seja, não são os gestores que acompanham seus resultados e definem meios para potencializá-los, mas sim os próprios colaboradores.
Impacta o clima organizacional
Um ambiente com processos engessados, excesso de regras e líderes rígidos é sufocante. Quando tudo é tratado como mera obrigação, as atividades passam a ser vistas de maneira entediante e negativa.
Já com liberdade e confiança, há mais engajamento e motivação para cumprir os desafios cotidianos, o que reflete na qualidade de vida no trabalho.
Melhora de resultados
Como você pôde ver, a autonomia no trabalho favorece a eficiência e a inovação, o aprimoramento de habilidades e o senso de liderança dos colaboradores. Ao mesmo tempo, os profissionais sentem-se mais livres para propor novas soluções. .
Portanto, os resultados organizacionais são potencializados, assim como a retenção e o desenvolvimento contínuo dos talentos.
Existe relação entre a autonomia e cultura da empresa?
Para que a autonomia no trabalho seja possível, é fundamental inseri-la na cultura organizacional. Afinal, o sucesso de uma rotina flexível está diretamente ligado ao ambiente em que ela é desenvolvida.
Nesse sentido, é preciso assegurar a clareza dos valores da empresa e o fit cultural dos colaboradores. Isso porque, todos precisam entender os objetivos centrais da organização e orientar suas ações nesse mesmo sentido.
A lógica é simples: se as pessoas devem resolver problemas e estipular suas ações por conta própria, então é imprescindível garantir que essas decisões estejam sempre alinhadas às metas e à cultura do negócio.
Difundir os valores flexíveis da empresa, adotar métodos de gestão ligados à autonomia no trabalho e ter profissionais culturalmente condizentes é essencial. Contudo, também é necessário engajar os funcionários nessa ideia.
Até porque, não adiantaria dar autonomia e contar com um time competente para promovê-la, caso os colaboradores não vejam sentido em maximizar sua performance, atingir metas cada vez mais ambiciosas e desenvolver-se constantemente.
Isso significa que cada talento deve enxergar como a autonomia é positiva. Se livrar de uma rotina engessada e de líderes sufocantes é atrativo. Entretanto, os indivíduos também precisam perceber como essa cultura gera mais confiança, valorização e autodesenvolvimento.
No fim, a liberdade da autonomia do trabalho tem como principal objetivo promover satisfação, crescimento, bem-estar e senso de realização entre os colaboradores. São esses valores centrais a serem trabalhados culturalmente.
Inclusive, dados da Harvard Business Review apontam que profissionais felizes são 31% mais produtivos, 19% mais precisos em suas tarefas e capazes de impulsionar novos negócios de forma 37% maior.
Portanto, mais que uma forma de evitar de garantir lideranças mais estratégicas e de promover talentos mais criativos, o diferencial da flexibilidade está em uma cultura organizacional orientada à motivação dos funcionários.
Como a falta de autonomia pode impactar?
Depois de compreender como a autonomia no trabalho deve impactar a cultura do negócio, é natural que ainda existam dúvidas sobre a viabilidade de aderir a essa tendência de liderança. Para saná-las, saiba que a falta de um ambiente autônomo nas empresas pode gerar:
Desmotivação
O excesso de burocracia ou de rigidez faz com que os funcionários deixem de “vestir a camisa”. Sem liberdade para tomar decisões, os profissionais tendem a fazer apenas o que é solicitado.
Isso os faz deixar de propor novas soluções e afeta sua vontade de crescer junto ao negócio. O que pode auxiliar nesse processo, é realizar uma pesquisa de satisfação. Por meio dela, será possível compreender com clareza as razões da desmotivação e o que pode ser feito para melhorar esse cenário.
Baixa produtividade
Os picos de produtividade no trabalho variam de acordo com cada pessoa, que rende mais em determinados horários ou formas de trabalhar. Padronizar as mesmas periodicidades e modelos de entregas para toda a equipe acaba minando a capacidade individual de gerar mais valor.
Rotatividade de colaboradores
Lembre-se que a falta de autonomia não prejudica apenas o desempenho dos colaboradores. Ela também reduz sua confiança, valorização e capacidade de desenvolvimento.
Essa realidade no trabalho favorece a evasão de talentos, que acabam procurando novos desafios em empresas mais flexíveis.
Como incentivar a autonomia dentro da empresa?
Ciente sobre as particularidades e possibilidades que envolvem a autonomia no trabalho, você deve estar se perguntando quais são os caminhos ideais para promovê-la. Abaixo, elencamos as práticas essenciais para garantir um RH produtivo e eficaz no alinhamento a essa tendência:
Evite o microgerenciamento
O microgerenciamento se refere a um perfil autocrático de liderança. Nele, os líderes têm um controle excessivo sobre as atividades do time. Normalmente, os profissionais não conseguem realizar ações simples sem ter que pedir autorização ou seguir um padrão engessado.
Quando os colaboradores dependem dos gestores para tudo, acaba prejudicando sua capacidade produtiva, limitando sua criatividade e gerando estresse organizacional.
Basicamente, o microgerenciamento é o antônimo da autonomia. Portanto, é imprescindível eliminá-lo. A ideia é que cada líder atue como um mediador entre os profissionais e suas metas, não como alguém que dita regras para todo detalhe operacional.
Conheça o perfil dos colaboradores
A autonomia no trabalho depende diretamente da capacidade de autogestão dos colaboradores. Por isso, é indispensável conhecer o perfil dos profissionais que estão na empresa. Assim, o RH pode entender suas forças e fraquezas ligadas à flexibilidade laboral.
Até porque, não faz sentido simplesmente demitir quem não consegue se autogerir. De fato, contratar talentos alinhados à cultura do negócio é importante. Contudo, também é essencial trabalhar o desenvolvimento de quem já compõe o quadro interno.
Sendo assim, segmente os níveis de autonomia. Subdivida-o entre as equipes, respeitando o quão confortáveis elas se sentem com a flexibilidade. Ao mesmo tempo, mapeie as habilidades a serem aprimoradas. Assim, as melhorias ocorrem naturalmente e de maneira contínua.
Crie metas
Um profissional só é capaz de tomar uma decisão assertiva quando sabe exatamente o efeito que ela precisa gerar. Ou seja, a autonomia no trabalho depende de metas claras – também conhecidas como OKRs (Objectives and Key Results). Por mais que os caminhos da equipe possam ser diferentes, o destino deve ser comum a todos.
Inclusive, isso ressalta como as lideranças continuam importantes nesse modelo. Afinal, é papel dos líderes compartilhar os objetivos entre a equipe. Ao mesmo tempo, também é sua função mediar caminhos eficazes para cumpri-los.
Mais que estipular e divulgar as metas, é importante prezar pelo seu alinhamento. Trata-se de esclarecer as expectativas por trás de cada objetivo. Além de saber o que alcançar, os profissionais devem entender porque isso é feito e o que espera-se deles no processo.
Acompanhe os colaboradores
Lembre-se que a capacidade de autogestão deve ser aprimorada entre os colaboradores. Para isso, é fundamental ter uma cultura de feedbacks. Afinal, além de receber meios eficazes para desenvolver sua autonomia, os funcionários devem ser acompanhados no processo.
De maneira geral, o foco é observar e guiar os talentos no desenvolvimento de suas competências. Enquanto os funcionários se adaptam ao ambiente flexível, os gestores apontam quais capacidades eles devem melhorar e quais os pontos ideais a serem desenvolvidos.
Nesse sentido, os feedbacks são valiosos mesmo quando a autonomia no trabalho já está consolidada. Isso porque, trata-se de uma maneira de manter as decisões tomadas pelos talentos sempre alinhadas às metas e à cultura do negócio.
Desenvolva bons líderes
Por fim, lembre-se que os esforços de desenvolvimento dedicados aos colaboradores também devem se estender às lideranças. Afinal, elas precisam compreender bem o seu papel nas dinâmicas laborais e favorecer o desenvolvimento da autonomia no trabalho.
Os líderes devem estar preparados para acompanhar e mediar as demandas da equipe. Além disso, precisam instigar a independência dos talentos. Conhecer o perfil dos colaboradores, inspirar confiança e guiar seu desenvolvimento também são atribuições essenciais.
Para saber como promover a autonomia no trabalho, baixe nosso e-book completo sobre Competências Profissionais . Nele, apresentamos todos os detalhes para você potencializar as habilidades e a independência da sua equipe.
Imagem: reprodução