Quais mudanças um nativo digital traz para sua empresa?

Marcelo Furtado
Employer Branding
  13 min. de leitura

Conhecer as particularidades de um nativo digital pode ser um grande diferencial no processo de  gestão de pessoas. Afinal, a geração atual do mercado de trabalho é bem mais tecnológica do que nos meados do século XX, assim o RH precisa conhecer o perfil destes profissionais.

Considerando que essa geração é a mais conectada aos novos paradigmas do mercado e logo deve tornar-se maioria absoluta nos postos de trabalho, é fato que sua presença muda toda a lógica de funcionamento das empresas.

Por isso, compreender suas características é imprescindível não apenas para a área de Recursos Humanos, mas também para todos os gestores, CEOs e demais tomadores de decisão ou lideranças corporativas.

Nesse artigo trouxemos tudo o que você precisa saber sobre o tema. A seguir, entenda o que é um nativo digital, suas principais características, meios de desenvolvimento, impactos mercadológicos, modos de liderança e melhores práticas de recrutamento. 

Quem são os nativos digitais? 

O conceito de nativo digital foi proposto inicialmente em 2001, em um artigo do especialista em educação norte-americano Marc Prensky. A expressão se refere às pessoas que tiveram todo seu processo de desenvolvimento influenciado pela tecnologia.

Basicamente, o termo engloba qualquer indivíduo que nasceu depois do ano de 1980, cujo amadurecimento social e biológico ocorreram em contato direto e constante com diferentes dispositivos tecnológicos.

Trata-se de uma geração que cresceu marcada pelo uso frequente de computadores, TVs, celulares, games e diversos aparelhos eletrônicos. Isso impacta diretamente seus hábitos, características, preferências, planos e até mesmo suas pretensões profissionais.

Há certa confusão entre imigrantes digitais e nativos digitais, mas os primeiros são nascidos antes de 1980 e tiveram que se engajar com as inovações que surgiram após seu crescimento. Já os segundos têm domínio tecnológico praticamente desde o berço.  

Quais são as principais características dos nativos digitais? 

Atualmente, há um consenso global sobre como as gerações se caracterizam. Suas respectivas nomenclaturas são baseadas nos períodos em que cada grupo de pessoas nasceu, sendo 4 principais.

A primeira são os Baby Boomers, nascidos de 1945 a 1965. Já a segunda é a Geração X, de 1965 a 1984. Depois, vem a Geração Y (Millennials), que compreende aqueles que nasceram entre 1985 e 1999. Por fim, aqueles vindos a partir de 2000 são da Geração Z.

Partindo da proposta de Prensky, os Nativos Digitais compreendem majoritariamente a Geração Y e Z, já que essas pessoas são nascidas depois de 1980. Graças à familiaridade e influência tecnológica desse grupo geracional, suas características são bastante únicas. 

Entenda com mais detalhes nos próximos tópicos.

Facilidade em adquirir e selecionar informações

Um nativo digital possui mais propensão a ser  autodidata. Afinal, a facilidade e a constância no uso de aparelhos eletrônicos, especialmente mobile, garante acesso a uma infinidade de dados. Assim, é fácil encontrar informações e aprender online sempre que preciso ou desejado.

Adaptação à realização de múltiplas tarefas

A cultura digital também é multitarefa. Seja ao trabalhar enquanto ouve música, navegar nas redes sociais enquanto assiste TV, dirigir ouvindo podcasts, entre muitos outros exemplos semelhantes, a realização de múltiplas ações simultâneas é inerente a essas gerações.

Dificuldade de concentração

Evidentemente, ser multitarefa pode prejudicar a capacidade de concentração. Afinal de contas, isso gera uma exposição constante e inúmeros estímulos. O resultado é mais dificuldade para concentrar-se por muito tempo em atividades específicas. 

Preferência por formas instantâneas de comunicação

Ainda em relação às múltiplas tarefas, isso também se estende à comunicação. Graças às mensagens instantâneas, o nativo digital consegue conversar com diversas pessoas ao mesmo tempo, resolver problemas, contatar interesses e até trabalhar à distância. 

Consciência social e empatia

Além das habilidades tecnológicas, o nativo digital possui consciência social. Isso se deve principalmente ao contato com diferentes temas e ideologias, especialmente nas redes sociais. No RH, isso deve ser valorizado por meio de ações orientadas à diversidade e inclusão.

Perfil colaborativo

Junto da consciência sobre diversidade, combate ao preconceito, meio ambiente, entre outras questões sociais, também há alta colaboração. Apesar da preferência pelas interações online, existe alta predisposição para dividir informações, contribuir e criar em conjunto com grupos que partilham dos mesmos interesses. 

Como os nativos digitais aprendem? 

Agora que você já conhece as principais características dos nativos digitais, lembre-se que esse grupo de indivíduos irá ditar praticamente todas as ocupações no mercado de trabalho muito em breve – contando com a geração Z. Assim, ele deve influenciar as principais práticas de gestão de pessoas.

Cabe ao RH conhecer bem os colaboradores e seus processos de aprendizado. Assim, há melhores condições de potencializar os talentos. Portanto, é importante considerar quem são os nativos digitais em todos os programas internos de desenvolvimento.

Seja na promoção de formações, workshops, onboardings, mentorias ou demais qualificações, é essencial adaptar o planejamento de Recursos Humanos à maneira como essas gerações absorvem conhecimento. Veja as principais tendências:

Conteúdos digitais

Considerando a facilidade para acessar informações, a tendência a ser multitarefa e o dinamismo nas interações mantidas pelo nativo digital, não faz sentido ocupá-los com longas aulas expositivas presenciais, enormes livros físicos e atividades morosas.

No lugar disso, é preferível investir em conteúdos digitais interativos. Com eles, há mais chances de conquistar a atenção desse público, que pode ser bastante escorregadia caso seu interesse seja baixo.

Essa opção é mais acessível, já que os materiais podem ser usados de qualquer dispositivo e são mais baratos para produzir, conseguem englobar diversos métodos de aprendizado e ainda simplificam a adoção de metodologias ativas, que explicaremos adiante.

Gamificação

Já a gamificação, como o nome sugere, se baseia na aplicação de elementos, estratégias e ferramentas que são típicas em jogos eletrônicos. Ela pode ser aplicada em diferentes esferas, mas se destaca no cenário educacional.

Isso porque, o nativo digital tem estímulos mais acelerados e multitarefa. Assim, é interessante os atrair e engajar por meio de atividades de aprendizagem baseadas em regras, lógicas e até no design dos games.

Dado o dinamismo comportamental dessas pessoas, é natural que o senso de recompensa e a oferta de gratificações instantâneas façam com que elas se sintam estimuladas. Esses pontos existem justamente quando se avança em um modelo gamificado.

Microlearning

Se o cotidiano atual é marcado por um volume intenso e acelerado de informações chegando a todo momento em nossos dispositivos eletrônicos, é essencial rever o tempo de atenção hoje dedicado à aprendizagem.

Nesse sentido, o microlearning está mais alinhado aos nativos digitais na educação. Isso porque, ele é baseado em materiais chamados de “conteúdos pílula”, que são muito mais dinâmicos, curtos e interativos.

Basicamente, seu objetivo é promover uma educação mais sucinta. Na gestão de RH, a ideia é oferecer pontualmente aquilo que o colaborador precisa aprender, com a trilha completa de aprendizado sendo dividida por pequenas “doses” de informações rápidas.

Multimídia e hipermídia

Ainda em relação a como os nativos digitais aprendem, o ideal é que a transmissão de conhecimentos seja feita em fontes distintas. Inclusive, um mesmo processo educacional pode incluir diversos conteúdos digitais, materiais gamificados e microlearning, por exemplo.

Em primeiro lugar, isso envolve o conceito de multimídia. Ele se refere à inserção de diversas mídias simultâneas. Ou seja, imagens, vídeos, sons, fotos, animações, entre outros recursos são usados ao mesmo tempo para aumentar a interatividade das informações. 

Já a hipermídia é a conexão interativa e não linear de diversos conteúdos. Nela, o nativo digital tem uma visão completa do tema, mas depois pode explorar e se aprofundar nas suas vertentes como quiser (via e-books, videoaulas, podcasts, jogos, entre outros materiais).

Metodologias ativas

Para reforçar o dinamismo do aprendizado e eliminar a monotonia das tradicionais aulas expositivas, recomenda-se que o nativo digital esteja sempre no centro do seu próprio aprendizado. Isso é proposto pelas metodologias ativas de ensino.

Nelas, os alunos deixam de ser meros receptores de informações. Ao invés de simplesmente ouvir passivamente, eles trabalham de maneira ativa para atingir a compreensão dos conteúdos propostos. 

Os professores atuam como guias, mas cabe aos estudantes buscar as informações e cumprir os desafios pelos quais foram provocados. Ao aproveitar as capacidades natas de pesquisa e interações online do nativo digital, isso reforça seu interesse e absorção de conhecimento.

Qual o impacto dos nativos digitais no mercado de trabalho? 

Como os avanços tecnológicos acompanham o nativo digital desde o seu nascimento, é evidente que as relações, dinâmicas e paradigmas gerados por essas inovações ditam seus padrões comportamentais.

No âmbito profissional, o pensamento inquieto e dinâmico motiva uma veia mais empreendedora. Dentro das empresas, isso exige que os colaboradores sejam engajados por meio do foco em liderança inovadora e motivação.

Ao mesmo tempo, o nativo digital valoriza sua liberdade de escolha e as possibilidades oferecidas pelos modelos multiplataforma. Por isso, o trabalho flexível ganha cada vez mais protagonismo, com destaque para a possibilidade de home office.

Nesse ponto, o senso de realização também é prioridade para essas pessoas. Assim, cabe às empresas investir no desenvolvimento de carreira e garantir que seus objetivos sejam alinhados às metas de vida dos talentos.

Tenha em mente que essas gerações são muito antenadas à tecnologia e à velocidade das mudanças. Assim, cabe às organizações se prepararem para abraçar seus novos comportamentos nos projetos corporativos, escalando negócios e tornando-os mais inovadores.

Cabe ressaltar que isso não diz respeito apenas ao RH, mas aos CEOs, gestores e lideranças como um todo. Por isso, é imprescindível ater-se às características já citadas para saber como gerenciar e desenvolver esses profissionais, extraindo ao máximo seu potencial.

Nesse sentido, também faz toda a diferença saber quais os meios ideais de liderar um nativo digital e como atraí-los para o quadro interno durante a seleção de talentos. Saiba mais sobre essas duas questões nos próximos itens.

Como liderar nativos digitais? 

Preparar sua empresa para receber os novos perfis de nativo digital hoje significa aderir às tendências da Geração Y e Z. Afinal, esse grupo está ocupando um espaço crescente e já dita os padrões do mercado de trabalho.

Mais que representar grande parte da força produtiva, essas pessoas se adaptam de maneira ainda mais ágil e natural às tendências e soluções digitais. Por isso, é essencial as engajar por meio de boas práticas de liderança, que incluem: 

Preze pela flexibilidade 

Como você pôde ver anteriormente, o nativo digital não gosta de rigidez. Assim, não vale a pena focar no controle próximo e burocrático das tarefas. O ideal é priorizar a performance e as metas, abrindo mão do registro de ponto para dar lugar aos modelos flexíveis de trabalho.

Valorize as individualidades

A Geração Z valoriza seu próprio estilo de vida e personalidade. Assim, para que seja possível valorizar questões sociais (como as raciais, de gênero, culturais, entre outras que citamos anteriormente), comece pelo entendimento e respeito às individualidades dos talentos.

Tenha uma cultura de feedbacks 

Para valorizar o desempenho e as individualidades dos profissionais, mantenha uma sólida cultura de feedbacks. Ela ajuda a orientar o desenvolvimento dos talentos, acelerar a resolução de gargalos e conflitos, bem como ampliar o senso de valorização e pertencimento.

Investir nesse processo beneficia não somente o crescimento dos novos talentos, mas é também um grande aprendizado para as lideranças. Pertencendo muitas vezes a gerações anteriores, os líderes conseguem ampliar sua visão de mundo e trabalho ao ter contato com percepções de gerações diferentes da sua por meio das trocas nos feedbacks. 

Garanta progressos rápidos

Por mais que o nativo digital valorize sua identificação com a empresa e os valores que ela compartilha, o crescimento de carreira é sempre uma prioridade. Portanto, se a progressão não for rápida e bem valorizada, há grandes riscos de frustração e troca de emprego.

Recrutamento de nativos digitais: dicas para o RH 

Com base nos pontos que levantamos sobre Nativos Digitais, você deve estar se perguntando como realizar um processo de recrutamento e seleção assertivo para encontrar talentos dessas gerações. Confira algumas dicas ligadas às características já citadas anteriormente: 

Uso de tecnologia desde o processo seletivo

Nenhum nativo digital abre mão da comunicação online, especialmente nas redes sociais. Sempre com um dispositivo móvel em mãos, essas pessoas interagem o tempo todo por meio de mensagens de texto, áudios, imagens e vídeos.

Assim, faz toda diferença usar redes sociais e plataformas interativas de recrutamento para atrair novos talentos. Outro diferencial é dar preferência às entrevistas virtuais, que são mais práticas, viáveis e ajudam a manter os candidatos mais confortáveis.

Ofereça salários e benefícios competitivos, além de preocupar-se com o bem-estar 

Vale relembrar que o nativo digital deseja crescer na sua carreira. Isso quer dizer que os melhores talentos dessas gerações sempre darão preferência aos postos com salários e benefícios mais atrativos.

Ao mesmo tempo, os valores da empresa e sua preocupação com o bem-estar dos profissionais também contam muito. Assim, a autonomia, a flexibilidade no trabalho, a equidade dos cargos, a qualidade de vida laboral, entre outros pontos semelhantes, são indispensáveis.

Pesquisas recentes sobre o mercado de trabalho realizadas pela Robert Half demonstram que os benefícios também são de extrema importância para os trabalhadores. Os trabalhadores das novas gerações valorizam, inclusive, mais ou igualmente os benefícios e outros aspectos  do que o próprio salário. 

Atenção a questões de diversidade e inclusão

Por fim, também vale reforçar que a consciência social e a empatia são inerentes ao nativo digital. Portanto, a realização de ações concretas sobre pautas coletivas é essencial para construir uma boa marca empregadora.

As novas gerações querem sentir que estão contribuindo para a construção de um mundo melhor. Isso influencia também sua esfera profissional. Dessa maneira, valores e posturas socialmente responsáveis acabam contribuindo para atrair e reter melhores talentos.

Agora que você já sabe o que é um nativo digital e suas particularidades, que tal ampliar seus conhecimentos sobre uma geração específica que ainda é muito relevante para o mercado atual? Acesse nosso e-book completo sobre como motivar Millennials. 

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