O mês de setembro é marcado pela maior campanha de prevenção ao suicídio do país. A cada ano, o tema ganha mais atenção e tem sua importância reconhecida por diferentes setores da sociedade.
Contudo, ainda existem muitos tabus, preconceitos e falta de conhecimento em torno da depressão e de outros transtornos psicológicos, o que prejudica sua assistência e acaba colocando a vida de milhares de pessoas em risco.
Felizmente, campanhas como a do Setembro Amarelo são cada vez mais difundidas e têm um papel decisivo na conscientização da população, engajando as organizações e toda a população.
Inclusive, existem outras campanhas de conscientização de temas diversos que o RH deve absorver para ações internas. Entre elas, temos:
- Janeiro Branco: conscientização acerca da saúde mental e psicológica para a promoção do bem-estar no trabalho;
- Fevereiro Roxo: mês de tratamento e conscientização sobre doenças crônicas, tais como fibromialgia, lúpus e Alzheimer
- Março Lilás: conscientização sobre o câncer de colo de útero;
- Abril Azul: mês internacional de visibilidade e conscientização sobre o autismo;
- Maio Amarelo: mês de conscientização e prevenção de acidentes de trânsito.
- Outubro Rosa: prevenção ao câncer de mama
Neste artigo, vamos nos aprofundar no Setembro Amarelo, sua importância, abordar mais detalhes sobre a depressão e esclarecer como você e sua empresa podem contribuir para esse movimento de prevenção. Acompanhe!
Setembro amarelo e sua importância para a prevenção ao suicídio
As ações de conscientização do Setembro Amarelo visam engajar todos os segmentos da sociedade ao longo do nono mês do ano, com o objetivo de difundir informações e práticas adequadas à prevenção ao sucidio.
O calendário da campanha foi criado para alinhar-se ao Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, ampliando suas discussões para além do dia 10 de setembro. A ideia é evidenciar o tema durante todo o mês, para que ele se torne mais constante no debate público.
Afinal, trata-se de uma questão de saúde coletiva, que demanda atenção constante. Portanto, o foco é reforçar o acesso à informação e a importância de prestar assistência, para criar uma cultura de conscientização que permaneça durante todo o ano.
De acordo com o portal oficial da campanha do Setembro Amarelo, mais de 13 mil suicídios são registrados anualmente no Brasil e mais de 01 milhão no mundo. Cerca de 96,8% dos casos estão relacionados a transtornos mentais, com destaque para a depressão.
O mês de prevenção ao suicídio foi criado justamente para prevenir e minimizar essas estatísticas alarmantes. Com o tempo, as ações cresceram e ganharam forte adesão, conquistando todo o país.
A história do setembro amarelo
O Setembro Amarelo é organizado nacionalmente por meio de uma parceria entre o Conselho Federal de Medicina (CFM), Centro de Valorização à Vida (CVV) e Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).
A primeira edição foi promovida em 2014, como uma forma de potencializar as ações que já eram realizadas para o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio e para ampliar os seus efeitos de conscientização durante todo o ano.
Com o objetivo de reduzir os índices nacionais de suicídio e de difundir os meios de assistência contra a depressão e outros transtornos relacionados, as organizações responsáveis pela campanha engajam suas unidades federadas, núcleos, associados e toda a sociedade.
O primeiro grande marco foi em 2016, quando todo o país pôde entender o que é Setembro Amarelo graças à conquista de espaços inéditos na imprensa, além da consolidação de inúmeras parcerias em âmbito nacional.
Desde então, grandes monumentos históricos e pontos turísticos passaram a ser iluminados com a cor amarela ao longo do mês, com destaque para o Cristo Redentor, assim como espaços públicos e privados em todo o Brasil.
Com o tempo, as pessoas e as organizações começaram a aderir ao movimento, com participações em caminhadas e a criação de ações próprias de conscientização sobre esse tema tão importante.
O Setembro Amarelo já está consolidado no calendário de campanhas de conscientização do país. Quem cuida do RH na sua empresa deve ficar atento às divulgações da campanha para promover ações adequadas ao fortalecimento da causa.
Por que a campanha é tão importante?
As estatísticas que apoiam a campanha de prevenção ao suicídio tornam-se ainda mais alarmanetes quando colocadas em uma perspectiva cotidiana: dados da OMS publicados pela UFMG apontam que um brasileiro tira a própria vida a cada 45 minutos.
No mundo, um suicídio ocorre a cada 40 segundos. Basicamente, cerca de um milhão de vidas poderiam ser preservadas com a garantia de assistência e de acolhimento logo nos primeiros sinais de depressão ou de outros transtornos psicológicos.
Inclusive, essa estimativa não é um exagero. A própria Organização Mundial de Saúde aponta que pelo menos 9 a cada 10 mortes por suicídio podem ser evitadas por meio da educação e de campanhas preventivas.
Esses levantamentos deixam muito claro qual a importância do Setembro Amarelo em termos de conscientização. Somado a isso, há o fato de que o Brasil ainda enfrenta dificuldades para evitar o crescimento nas taxas de suicídio.
Enquanto o mundo apresenta uma redução de 36% nos índices, as mortes por lesão autoprovocada aumentaram 35% entre os brasileiros de 2011 a 2020.
As informações são do DataSUS e foram divulgadas pelo portal Plural.
Precisamos falar sobre depressão
A depressão afeta milhões de pessoas ao redor do mundo. Ela muitas vezes não é percebida por quem sofre com o problema e nem por pessoas próximas. Contudo, ela está ligada a mais da metade das tentativas de sucídio, segundo publicação do Pebmed.
Muitas pessoas ainda enxergam essa doença como um tabu, associando-a a questões menores do cotidiano ou até a uma espécie de “frescura” do paciente. Isso dificulta o seu diagnóstico e acaba impedindo a busca por ajuda.
Informações do Ministério da Saúde indicam que a prevalência de depressão ao longo da vida no Brasil gira em torno de 15,5%. Na rede de atenção primária de saúde, a prevalência é de cerca de 10,4%. Ainda de acordo com o MS, os sintomas de depressão clássicos incluem:
- Humor depressivo, com sentimentos constantes de tristeza, culpa ou autodesvalorização;
- Perda da capacidade de sentir prazer e alegria, mesmo nas atividades que a pessoa mais gosta;
- Apatia, que se manifesta na sensação de “falta de sentimento”. Já as dificuldades são vistas como intransponíveis;
- Avaliação negativa de si. A pessoa também sente que é um peso para familiares e amigos;
- Tendência de invocar a morte como um alívio para si e para as pessoas ao redor. Isso varia desde um pensamento vago, até planos detalhados de suicídio;
- Falta de energia, cansaço excessivo, lentificação motora e do pensamento, falta de vontade e baixa concentração;
- Mudanças no apetite e no sono, diminuição do interesse sexual, mal estar, dor no peito, sudorese, taquicardia e queixas digestivas.
Um dos grandes objetivos do Setembro Amarelo é esclarecer como ajudar uma pessoa com depressão, evidenciando esses sintomas que muitas vezes são silenciosos, desmistificando os tabus em torno deles e garantindo conscientização sobre a importância de combatê-los efetivamente.
O que pode levar a depressão?
As causas da depressão são bastante variadas, mas a ciência já conhece alguns fatores que favorecem o seu surgimento. O papel do Setembro Amarelo na prevenção ao suicídio é justamente garantir que ela seja vista como uma doença, e não como algo banal ou passageiro.
Sendo assim, é importante entender que o seu surgimento pode estar ligado a fatores específicos e que precisam ser tratados, como em qualquer outra patologia. Voltando às informações do Ministério da Saúde, essas causas incluem:
- Fatores genéticos: indivíduos com familiares depressivos têm 40% de suscetibilidade para desenvolver a doença;
- Bioquímica cerebral: há evidências de que a deficiência de certos neurotransmissores favorece a depressão, como Serotonina, Noradrenalina e Dopamina;
- Eventos específicos: situações estressantes ou traumáticas podem desencadear depressão ou episódios depressivos em quem tem predisposição.
Junto dessas causas, o Ministério da Saúde ainda aponta que há outros fatores de risco capazes de contribuir para o desenvolvimento da depressão. Eles envolvem desde condições biológicas, até questões da vida cotidiana. Veja os principais:
- Estresse crônico;
- Ansiedade crônica;
- Outros transtornos psiquiátricos correlatos;
- Dependência de álcool e outras drogas;
- Disfunções hormonais;
- Ocorrência de traumas psicológicos;
- Conflitos conjugais ou estresse no trabalho;
- Desemprego ou mudanças bruscas de condições financeiras;
- Presença de doenças cardiovasculares, neurológicas, neoplasias, entre outras.
Independentemente das causas, é fundamental reconhecer quando alguém próximo necessita de ajuda. Isso muitas vezes vai além dos sintomas de depressão considerados clássicos. Entenda melhor logo abaixo.
Como identificar alguém que precisa de ajuda?
Apesar de ser importante conhecer os sintomas de depressão e como se manifestam, lembre-se que eles muitas vezes são silenciosos. Quem sofre com a doença acaba acumulando esses sentimentos e problemas, que se agravam com o passar do tempo.
Na maioria dos casos, os sinais de alerta para a prevenção ao suicídio não são tão claros. Eles envolvem um conjunto de fatores, que podem ser notados em pequenas mudanças verbais e comportamentais do cotidiano. Por isso, preste atenção aos sinais verbais e comportamentais:
Sintomas verbais
Os sintomas verbais podem ser apresentados em diferentes níveis, desde falas vagas sobre descontentamentos em relação à vida, até o suicídio propriamente dito. Nos dois casos, é preciso ter cuidado para não dar pouca importância ao que é manifestado.
Falas como “não aguento mais”, “não quero continuar” ou outras semelhantes quase nunca são associadas aos sintomas de depressão, quando na verdade são pedidos de socorro. Em todos os casos, é preciso ter muita atenção.
Sintomas comportamentais
O cuidado com os sintomas comportamentais deve ser no sentido de não confundi-los com mera estranheza, preguiça ou simples desânimo. Isso porque, eles se manifestam em mudanças sutis no dia a dia.
A pessoa pode começar a se isolar, faltando frequentemente ao trabalho ou abandonando suas atividades comuns de lazer, por exemplo. Nesses casos, também surge o desinteresse por aquilo que gostava.
Outros sinais comuns são ligados à alimentação, em que a pessoa come mais ou menos do que o usual. Também pode haver mudanças no sono, na forma de insônia ou excesso de sono, além de alterações no comportamento como agressividade, ansiedade ou excesso de apatia.
O que fazer para ajudar?
As campanhas de prevenção ao suicídio visam alertar a sociedade para a seriedade da questão e incentivar a criação de redes de apoio para quem precisa de ajuda. Portanto, é preciso saber como agir com as pessoas que possam estar sofrendo de depressão.
Em primeiro lugar, isso significa que cada indivíduo deve ser capaz de prestar auxílio àqueles que possam estar enfrentando crises depressivas, mesmo sem uma preparação específica em psicologia. Essa abordagem envolve:
- Saber ouvir e demonstrar empatia com os problemas da pessoa;
- Manter a calma e tentar transmiti-la diante das crises;
- Demonstrar afeto e apoio ;
- Jamais diminuir a seriedade da questão;
- Estar ao lado constantemente do indivíduo depressivo;
- Comunicar a família e os amigos sobre a necessidade de ajuda;
- Receber bem as queixas das pessoas e respeitar seus sofrimentos;
- Apontar que o suicídio não é a saída e que existem alternativas à situação;
- Buscar ajuda profissionalizada e ressaltar sua importância ao indivíduo depressivo.
Essas ações de apoio são de suma importância. Entretanto, acima de tudo, é fundamental incentivar a busca por ajuda de profissionais como psicólogos, psicoterapeutas e psiquiatras.
Apenas esses especialistas são aptos a diagnosticar as origens do problema e orientar o tratamento mais adequado, que pode envolver técnicas de terapia ou até intervenções medicamentosas, caso necessário.
Conheça o CVV
Outra alternativa de grande valor para os momentos de extrema angústia ou de crises depressivas é recorrer ao Centro de Valorização à Vida. Além participar da organização do Setembro Amarelo, o CVV possui uma rede nacional de prevenção ao suicídio.
A instituição disponibiliza diversos canais de atendimento que podem ser usados por qualquer pessoa com depressão ou pensamentos suicidas. Neles, há voluntários treinados para ouvir desabafos, lidar com as queixas e ajudar a encontrar soluções mais adequadas para cada caso.
O principal canal é a linha telefônica gratuita 188. Contudo, também é possível falar via chat, e-mail ou até em conversas presenciais.
Campanha nas empresas através do RH
Agora que você já sabe da importância do Setembro Amarelo, como funciona o Centro de Valorização da Vida, entre outras questões importantes relacionadas ao tema, tenha em mente que o bem-estar no trabalho também é imprescindível para a prevenção ao suicídio.
Afinal, as pessoas normalmente passam a maior parte dos seus dias trabalhando, sendo que o ambiente e as relações mantidas nas empresas são decisivas para seu bem-estar cotidiano. Isso sem falar na influência que as atividades profissionais têm nas demais áreas da vida.
Nesse sentido, é importante que o calendário de RH inclua não só a campanha do Setembro Amarelo, mas outras ações de conscientização capazes de impactar a qualidade de vida dos colaboradores.
Claro que, mais que investir em campanhas e promover a conscientização, cabe ao setor de Recursos Humanos atuar ativamente para promover melhorias no ambiente organizacional que tenham impacto sobre a prevenção ao suicídio. Confira a seguir algumas para aplicar na sua empresa:
Cuide do clima e da cultura organizacional
Promover uma cultura positiva dentro da empresa envolve diferentes ações, que vão desde a promoção do engajamento e da socialização das equipes, até a elaboração de programas de desenvolvimento profissional e a implementação de feedbacks para solucionar conflitos.
Fale abertamente sobre o tema
A prevenção ao suicídio inclui sua desmistificação. Contudo, é preciso que as falas sejam responsáveis, para que não acionem gatilhos no receptor. Ou seja, ao mesmo tempo em que a discussão sobre o tema deve ser motivada, ela precisa ser feita com a abordagem correta.
O ideal é contar com o apoio de especialistas para tratar sobre o assunto, como na abertura de canais específicos de comunicação sobre saúde mental ou na promoção de palestras, por exemplo.
Prevenção não é apenas em setembro!
Ter atenção à saúde mental da equipe é fundamental. Sob qualquer sinal de desânimo, irritabilidade, apatia, falta de motivação, entre outros sintomas, é importante prestar apoio personalizado ao colaborador e viabilizar soluções para seus possíveis problemas.
Cuide da saúde mental dos colaboradores
Os programas de bem-estar devem englobar as condições psíquicas, físicas, financeiras e sociais dos colaboradores. Tão importante quanto ter especialistas em saúde mental, é incentivar a prática de exercícios, promover benefícios corporativos e trabalhar a convivência.
Apoio psicológico
Além de benefícios capazes de estimular o bem-estar, como incentivos financeiros, vale-cultura e premiações com viagens, por exemplo, faz toda a diferença manter planos de saúde com assistência médica e psicológica.
Essas são apenas algumas orientações breves sobre como promover a prevenção ao suicídio no seu RH. Para saber mais sobre o tema, baixe nosso e-book completo sobre como cuidar da saúde mental e emocional dos colaboradores.